|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
MAM-RJ expõe Picasso em período de guerra
RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio
A exposição "Picasso - Anos de
Guerra, 1937-1945", que começa
na semana que vem, no MAM-RJ
(Museu de Arte Moderna do Rio),
retrata a influência de dois tipos
de conflito na obra do pintor espanhol.
O primeiro, de ordem bélica, relaciona-se aos horrores da Guerra
Civil Espanhola e da 2ª Guerra
Mundial. O outro, de ordem pessoal, refere-se à conturbada vida
pessoal de Pablo Picasso (1881-1973), que mudava de mulher como mudava de estilo artístico.
Primeira mostra organizada na
América do Sul pela instituição
que reúne o maior acervo do artista, o Museu Picasso de Paris, a
exposição será aberta ao público
na terça -na segunda, haverá
uma recepção para convidados-
e ficará no Rio até setembro, seguindo depois para São Paulo.
Do Museu Picasso veio a maioria das cerca de 150 obras da exposição -17 pinturas, 62 gravuras,
79 desenhos, 3 esculturas e 30 fotografias. As obras estão avaliadas
em US$ 120 milhões.
O período retratado na mostra,
embora distante cronologicamente da fase que celebrizou o
pintor -o cubismo-, tem o mérito de trazer "pela primeira vez
em sua obra testemunhos da vida
particular dele e de seu posicionamento político", avalia a curadora
do Museu Picasso de Paris, Dominique Dupuis-Labbé.
"É interessante verificar na produção de Picasso desse período (o
da exposição) a justaposição de
temas ligados à guerra e à sua vida
pessoal", diz Dupuis-Labbé, também curadora da exposição.
Ela se refere a telas como "A
Mulher que Chora" (1937) -que,
ao lado de "Menino com Lagosta"
(1941), é a obra mais cara da exposição, avaliada em US$ 7 milhões.
O quadro teria sido inspirado na
fotógrafa Dora Maar, musa e uma
das amantes de Picasso, que ele
"não conseguia imaginar fazendo
outra coisa na vida a não ser chorar". Na visão de Dupuis-Labbé,
pode ser também a representação
de uma película cinza que cobria
o rosto das pessoas em Barcelona
e as fazia chorar, efeito da fumaça
produzida pelos conflitos da
Guerra Civil.
Datada do mesmo ano, "Guernica", a mais representativa obra
do período e talvez a mais conhecida de Picasso, não está na exposição porque não pode ser retirada do Museu Rainha Sofia, em
Madri. A obra foi inspirada no
bombardeio da cidade basca de
Guernica y Luno -o ataque foi
feito pela aviação alemã, a serviço
dos nacionalistas espanhóis chefiados pelo general Francisco
Franco.
Morando em Paris durante a
ocupação alemã na 2ª Guerra
Mundial, Picasso viveu dramas
pessoais que iam desde morar numa casa sem sistema de aquecimento à angústia de ver amigos
judeus serem presos e enviados
para campos de concentração.
Além, é claro, dos problemas
decorrentes de uma vida amorosa
agitada -só no período da guerra (1939-45), ele manteve relacionamento com três mulheres: Marie-Thérèse Walter, Dora Maar e
Françoise Gilot.
Obras dessa fase que o público
poderá conferir são "Homem
com Chapéu de Palha e Sorvete de
Casquinha" (1938), "Gato Pegando um Passarinho" (1939) e "Natureza Morta com Vela" (1945).
Outro destaque é "Café em Royan" (1939), uma das raras paisagens assinadas por Picasso.
A exposição conta também com
um quadro vindo do museu homônimo de Barcelona e com
obras de museus brasileiros
-Masp, Museu de Arte Contemporânea (SP) e Museu da Chácara
do Céu, em Santa Tereza, no Rio.
Texto Anterior: Homenagem: São Roque abre sítio de Mário de Andrade Próximo Texto: Maior exposição foi em 86 Índice
|