|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIVRO
Pesquisadora Silvana Garcia organiza depoimentos de 17 personalidades que participaram do ciclo no Ágora em SP
"Odisséia do Teatro Brasileiro" reconta história
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ditirambo para a história da
arte do teatro no país. Atores, diretores e autores protagonistas da
cena moderna ou contemporânea
compartilham pensamentos e inquietações em "Odisséia do Teatro Brasileiro" (ed. Senac), livro
organizado pela pesquisadora Silvana Garcia, com lançamento na
próxima segunda em São Paulo.
Em agosto de 2000, o Ágora
-Centro de Desenvolvimento
Teatral abrigou em seu palco, na
Bela Vista, o ciclo "Odisséia do
Teatro Brasileiro".
Estabeleceu-se analogia com o
poema épico do grego Homero
(nascido por volta de 700 a.C.) para traçar a evolução do teatro nacional por meio de debates e depoimentos de 17 artistas.
No clássico, Ulisses aventura-se
por 20 anos para finalmente retornar à ilha de Ítaca, e para os
braços da mulher, Penélope, graças à coragem do filho Telêmaco e
intervenção da deusa da sabedoria, Palas Atena.
A primeira parte do ciclo, intitulada "Guerra de Tróia", promoveu encontros dos diretores Gianni Ratto e Fauzi Arap; dos dramaturgos Gianfrancesco Guarnieri e
Aimar Labaki; e do pesquisador
Fernando Peixoto e do diretor
Sérgio de Carvalho.
Na segunda, "Telêmacos ou os
Pretendentes de Penélope", aconteceram três mesas: uma com os
diretores Eduardo Tolentino
(grupo Tapa), Enrique Diaz (Cia.
dos Atores) e Antônio Araújo
(Teatro da Vertigem); outra com
os também diretores Aderbal
Freire-Filho e João das Neves; e a
última com o ator e diretor Luiz
Paulo Vasconcellos e com o diretor Márcio de Souza.
A terceira e derradeira parte da
"Odisséia", batizada "Os Ulisses
Retomam Ítaca", trouxe, um a cada noite, o ator Paulo Autran e os
diretores Augusto Boal (grupo
Teatro do Oprimido), Antunes
Filho (Centro de Pesquisa Teatral,
CPT-Sesc) e José Celso Martinez
Corrêa (Oficina Uzyna Uzona).
Ratto abriu com sua experiência
no Teatro Brasileiro de Comédia
(TBC). Ele vê a produção atual
com desalento, acha que "hoje caminhamos para a morte do teatro", que são necessários "poetas"
para desviá-lo desse curso.
Em sua ponte com a produção
dos anos 60 (Teatro de Arena,
Opinião, Oficina), Guarnieri disse
que "preferia a censura da ditadura a uma censura real, uma censura muito mais profunda que está
existindo, esta censura econômica, a da ditadura do mercado".
Um dos diagnósticos recorrentes nos encontros foi o da reafirmação do teatro de grupo nos
anos 90, como pontuaram, por
exemplo, Peixoto, Carvalho,
Araújo e Freire-Filho.
A formação de ator, a nova dramaturgia, a influência artística
dos participantes, a relação teatro-TV e a mídia também foram
alguns dos tópicos abordados.
Com o ciclo, e agora o livro,
"poderemos reavivar nossa reflexão, recuperando as linhas evolutivas do teatro brasileiro, ao mesmo tempo que traçamos um panorama das principais propostas
estéticas que norteiam o nosso
teatro", diz o ator Celso Frateschi,
co-idealizador do Ágora com o
diretor Roberto Lage.
ODISSÉIA DO TEATRO BRASILEIRO.
Organização: Silvana Garcia (ed. Senac,
307 págs, R$ 35). Lançamento: seg., dia
26, às 19h, no teatro Ágora (r. Rui
Barbosa, 672, tel. 0/xx/11/3284-0290)
Texto Anterior: Música: É fralda, é fogo, é o VMB Próximo Texto: Europa Literária - Festival de Edimburgo: Cidade escocesa direciona pupilas aos livros Índice
|