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ARTES PLÁSTICAS
Duas exposições que começam hoje na Pinacoteca refazem diferentes trajetórias a partir da França
De SP, Piza e Carelli vêem a Paris dos anos 50
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Das cinco exposições que são
abertas hoje na Pinacoteca, duas
chamam a atenção por uma curiosa convergência. Arthur Luiz
Piza, 74, e Antônio Carelli, 76, não
se aproximam no estilo, nos materiais nem nos temas. Têm, entretanto, trajetórias artísticas com
um ponto de partida comum: a
Paris dos anos 50.
Foi então que Carelli frequentou os ateliês de Fernand Léger e
de André Lhote e foi no mesmo
comecinho de década que Piza escolheu a capital francesa para fixar residência.
A retrospectiva de Piza parte do
ano de 1958, quando o artista cortou em quadradinhos uma pequena aquarela e criou uma obra
de pequenos pedaços de papel
justapostos.
"Esse quadro é uma aquarela
que não deu certo. Cortei em pedacinhos e remontei a aquarela.
Daí nasce essa coisa do relevo, que
também vem da gravura", diz o
artista, normalmente reconhecido como gravador, mas que realiza a retrospectiva sem nenhuma
gravura, apenas com composições em papel.
"A minha primeira constatação
sobre a importância do relevo
vem com a gravura. A gravura
tem uma beleza em relação a outros modos de reprodução que é
justamente o relevo, e minha arte
foi levada pra esse lado: relevo,
sombra, luz", afirma o artista.
A partir dessa consciência, Piza
faz uso do papel, de pedacinhos
de papel, que estabelecem contrastes em formas sobrepostas.
Na série "Coupe et Découpe",
linguetas são recortadas em folhas inteiras de papel e, então,
destacadas; a série de capachos
tem alfinetes ligando formas geométricas em papel aos tapetes. "É
para poder olhar o que está atrás,
para procurar o que não é estático, um olhar diferente", diz.
A produção recente traz de volta
a cor do comecinho, daquela primeira aquarela cortada em pedaços. "Eu sempre queria fazer a cores, mas não aquarela. É engraçado como vim recuperar isso agora...", completa Piza.
Já Antônio Carelli realiza um
apanhado de sua produção recente e se autodefine como "um pintor, basicamente".
"Todo o resto é consequência
da minha pesquisa. A pintura é o
centro de tudo, nesta exposição.
Mesmo olhando a parte muralística de cerâmica e mosaico, o resultado depende dessa formação", explica Carelli.
Em óleos, o artista mostra painéis, releituras de grandes obras e
a mata atlântica, ambiente que o
cerca em sua casa, em Caraguatatuba, onde mora há 15 anos.
As releituras são uma espécie de
recuperação dos dez anos que
passou na França. "Há releituras
dos grandes mestres da pintura.
Bacon, El Greco, Grünewald, Ticiano, Michelangelo. Quando estive na Europa, ao lado dos ateliês,
os museus foram a minha grande
formação. Agora, depois de mais
de 50 anos de trabalho, eu entrei
numa releitura do que foi o meu
começo, de um outro olhar, com a
experiência que tenho hoje", diz.
Carelli faz também releituras de
seus próprios trabalhos, alguns
primeiramente executados em tela ou mosaicos e depois refeitos
sobre cerâmica. "Nunca é uma
cópia. É um primeiro momento,
um depende do outro."
CINCO EXPOSIÇÕES - mostra com obras
de Arthur Luiz Piza, Antônio Carelli, Pazé,
Nobuo Mitsunashi e Vera Martins na
Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel.
229-9844, SP). Hoje, às 11h. De ter. a
dom.: das 10h às 17h30. Entrada franca.
Patrocinadores: Itaú Cultural e
Personnalité Itaú, Opus, Millenium,
Maksoud Plaza, Raízes Artes Gráficas,
Novo Fotolito e Alves Tegan.
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