São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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HISTÓRIA

Documentário superestima ditador soviético

RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade se chama hoje Volgogrado, o mesmo nome que tinha antes do megalômano ditador soviético Josef Stálin a renomear Stalingrado. Com este nome ela passou à história como local da mais decisiva batalha da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), onde se brecou o avanço nazista.
O nome deve ter influenciado demais os realizadores do documentário, que dão importância excessiva ao papel do ditador e de suas decisões no desenrolar do combate. Fica parecendo que a luta de milhões se reduz à uma disputa pessoal entre ditadores.
Foi o nome que fez, de fato, o ditador alemão Adolf Hitler, ficar tão obcecado em tomar essa cidade do sul da então URSS. Fez aquilo que os militares consideram loucura: reforçou o fracasso. Hitler foi jogando cada vez mais tropas em um devastador combate, negando o que de melhor tinha o Exército alemão, sua versatilidade e capacidade de manobra.
Hitler era um péssimo estrategista. Tomava decisões contra a opinião de seus generais. Não permitia recuos, o que facilitou o cerco de suas tropas na cidade pela contra-ofensiva soviética. Stálin era tão ou mais implacável, mas tinha mais bom senso que seu rival. Também fuzilava quem falhasse. Mas deixava seus generais, como o brilhante Georgi Jukov, tomarem as decisões necessárias. O documentário não dá o devido crédito aos generais soviéticos, como o obstinado defensor da cidade, Vassili Chuikov.
A série inclui perguntas de múltipla resposta sobre quais as decisões a tomar. Nem todas são decisões de comando de um general e há mesmo algumas sem muito sentido, como a dos "cachorros-bomba" usados pelos russos para destruir tanques alemães. Foi uma tática secundária que logo deixou de ser usada, mas ganha o falso status de uma decisão estratégica. As imagens são magníficas. Mas isso é o mínimo que se espera de um bom documentário.


A Batalha de Stalingrado
Quando:
amanhã, às 22h, no History Channel


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