São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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Cartaz da Bienal de SP será criação coletiva

Dupla holandesa Mevis & Van Deursten coordenará designers que farão linguagem visual da 30ã exposição

Autores da identidade da última Bienal de Arquitetura de Veneza, eles veem onda vintage e artesanal no design

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Quando desenharam a identidade visual da última Bienal de Arquitetura de Veneza, os designers da dupla holandesa Armand Mevis e Linda van Deursten pensaram em desistir do processo.
"Foi uma montanha-russa", lembra Mevis, sobre as brigas com a curadoria. "Tudo era rejeitado, fizemos até seis propostas distintas e não chegamos a lugar nenhum."
Agora, Mevis e Van Deursten se preparam para um desafio diferente. Vão coordenar um workshop em outubro para construir, de modo coletivo, a identidade visual da 30ª Bienal de São Paulo.
Diferentemente do que foi feito até hoje, o cartaz da próxima Bienal será resultado de um esforço deles, da equipe da mostra e de designers escolhidos entre os que se inscreverem pelo site bienal.org.br até 2 de setembro.
Mevis adianta que mal conhece a tradição de design gráfico no Brasil, embora tenha como influência a obra da arquiteta Lina Bo Bardi. Também conta que na universidade onde estudou, na Holanda, design gráfico não era nem uma disciplina.
"Não temos ideias fixas sobre o trabalho, é bom ter uma relação de amor e ódio com o design", diz Mevis. "Vimos que isso tem mais a ver com a forma como respondemos a questões da sociedade."
Nesse diálogo, Mevis e Van Deursten já ajudaram a construir a linguagem visual do museu Boijmans van Beuningen, em Roterdã, do Stedelijk, em Amsterdã, e a logomarca da grife Viktor & Rolf.
Listam entre suas influências artistas como Ed Ruscha e Richard Prince e estilistas como Martin Margiela e a grife Comme des Garçons. São nomes que têm em comum o fato de terem adotado, em algum momento, processos manuais em composições simples, minimalistas.
"Existe um interesse, agora, por algo do início do século 20, uma atitude artesanal", diz Mevis. "Há uma tendência ao mínimo, ligações com a arte conceitual dos anos 70, até mesmo a simplicidade de usar algo como uma máquina de escrever ou empregar no máximo duas cores."
Mas, se os resultados hoje evocam tempos passados, o pensamento por trás é outro.
"Nos anos 70, estúdios de design tinham pegada modernista, achavam que podiam mudar o mundo", diz Mevis. "Hoje ninguém acha que vai mudar algo e, por isso, tenta se afirmar em estúdios menores, nos cantos, à margem dessa indústria."


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