São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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música

Cubano Chucho Valdés toca em SP sua aclamada "Missa Negra"

Criada em 1969, obra recria cerimônia africana e lhe deu o primeiro Grammy de sua carreira

Pianista diz que vai apresentar um chorinho com o bandolinista Hamilton de Holanda em festival no Jockey

LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
DE SÃO PAULO

O pianista cubano Chucho Valdés, 69, veio ao Brasil algumas vezes com a banda Irakere. Na última passagem pelo país, em 2002, tocou com Ed Motta, no teatro Alfa.
Em 1996, já havia convidado Ivan Lins para gravar um disco ao vivo em Cuba. Isso porque a música brasileira o encanta. Ele a elogia como "a mais completa do mundo".
É essa paixão que mostra hoje, acompanhado do bandolinista Hamilton de Holanda, no Telefônica Sonidos, festival no Jockey Club de São Paulo, que segue até sábado.
"A música brasileira e a cubana têm as mesmas raízes e se parecem em alguns aspectos. O chorinho e a contradança cubana têm muito a ver", conta em entrevista à Folha, por telefone, de sua casa em Málaga, na Espanha, onde passa boa parte do ano para descansar e aproveitar os eventos europeus de jazz.
"Em dezembro, quando é verão lá, vivo em Buenos Aires. Na primavera, vou para Cuba. Depois, à Espanha, para aproveitar os festivais." Ele e Hamilton de Holanda se encontraram no North Sea Jazz Festival, na Holanda, em julho passado, e conversaram sobre o repertório. "Já sabemos que vamos tocar um chorinho. Mas vamos nos encontrar primeiro para decidir o repertório", conta ele, dizendo que também vai mostrar músicas do disco "Chucho Steps", do ano passado.
Com o álbum, foi premiado com o oitavo Grammy de sua carreira -três deles latinos- e, desde maio, estava em turnê pela Europa. Outro destaque de sua apresentação em São Paulo será a "Missa Negra", tema que criou em 1969 e com o qual ganhou seu primeiro Grammy. "Mudou a visão do jazz afro-cubano. É muito atual e preciosa. Conta a história de uma missa africana." Sobre a política, ele desconversa. Diz que não é sua especialidade. Mas vê com carinho a nova geração de músicos da ilha de Fidel. "Há muitos jovens promissores."
Ele mesmo começou cedo, aos três anos. "Ou pelo menos é assim que conta meu pai. Ninguém me ensinou. Sentei, toquei uma melodia com as duas mãos e nunca mais me levantei do piano", conta o cubano.
Até o ano passado, coordenava um festival de jazz em Havana. "Agora participo apenas como músico. É que me toma muito tempo e aproveito melhor meus dias me dedicando à música."
Já prepara um novo disco, a ser gravado em fevereiro ou março de 2012. "Vou convidar Hamilton para tocar comigo algumas músicas", afirma.


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