São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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Coleção homenageia Luiz Gonzaga

Caixa com três CDs e um DVD reúne principais obras do cantor, compositor e sanfoneiro pernambucano

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Luiz Gonzaga (1912-1989) tinha talento e boas idéias de sobra. Por isso, se tornou um artista enorme -ou um "Monumento Nordestino", como diz o pouco inspirado título da caixa de três CDs e um DVD que está sendo lançada.
O DVD tem números do especial "Danado de Bom", de 1984, e imagens dele cantando com o filho, Gonzaguinha. Mas valem mais os CDs, que reúnem gravações dos anos 1940 e 1950 -o apogeu do cantor, compositor e sanfoneiro-, sendo que muitas não estavam em lançamentos anteriores.
O crítico Tárik de Souza, organizador do material, dividiu as 42 faixas por gêneros: baiões no primeiro CD, toadas e xotes no segundo, variados no terceiro. A hierarquia da qualidade segue a mesma numeração.
O primeiro começa logo com "Baião", o sensacional manifesto que Gonzaga e Humberto Teixeira fizeram em 1949 para lançar o ritmo com que queriam -e conseguiram- ganhar muito dinheiro. Outros destaques já clássicos são "Qui Nem Jiló" e "ABC do Sertão".
O lado (não muito feliz) político de Gonzaga aparece em "Paraíba", ode a um cacique local que ficou mais conhecida pela imagem da "mulher macho". Mas também em "Vozes da Seca", cujo refrão seria mais tarde aproveitado pelo filho.
O segundo CD surpreende por começar com "Asa Branca", normalmente vista como baião por causa da gravação de 1952.
Tárik mostra que a original, de 1947, era uma toada. "O Xote das Meninas", "Respeita Januário", "A Volta da Asa Branca" e "Assum Preto" são outros pontos altos. Mas há o menos conhecido xote "17 e 700", primor de humor e inteligência. A política está em "Nordeste p'ra Frente", mas as boas idéias são prejudicadas pela bajulação.
O terceiro tem calango ("Calango da Lacraia"), valsa ("Amanhã Eu Vou"), samba ("Tenho Onde Morar"), choro ("Ó de Casa"), marchinha ("Pau de Sebo") e um standard das festas juninas ("Olha pro Céu").
Termina em tom sofrido, com "Légua Tirana", mas é o bom humor que permeia a diversidade dos gêneros. Não é "a" caixa de Luiz Gonzaga, mas é uma boa lembrança do gênio pernambucano.


LUIZ GONZAGA - MONUMENTO NORDESTINO
Gravadora:
Sony BMG
Quanto: R$ 75, em média (três CDs e um DVD)
Avaliação: ótimo


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