CRÍTICO DA FOLHA

"O Último Exorcismo" é mais um na série de filmes de terror modernos que usam o artifício do "falso documentário" para causar sustos. Desde "A Bruxa de Blair" (1999), passando pelos recentes "Atividade Paranormal" e "[Rec] 2", o cinema de horror parece ter se transformado num reality show onde o importante, mais que contar uma história, é fazê-la parecer real.
Entre tantos semelhantes, até que "O Último Exorcismo", de Daniel Stamm, se destaca. Apesar de não ter nada de novo, é um eficiente thriller de horror.
A história é claramente inspirada no documentário cult "Marjoe", de 1972, que conta a história real de um pastor charlatão que concorda em mostrar para uma equipe de filmagem seus truques para enganar pessoas e tomar dinheiro dos fiéis.
O "Marjoe" de "O Último Exorcismo" se chama Cotton Marcus (Patrick Fabian), um pastor que denuncia o exorcismo como uma fraude. Marcus convida uma equipe de TV para acompanhá-lo a uma fazenda no interior da Louisiana, onde ele é chamado para expulsar o diabo do corpo de uma adolescente, Nell Sweetzer (Ashley Bell).
A ideia de Marcus é mostrar à equipe como engana as pessoas, usando aparelhos eletrônicos que emitem sons e crucifixos que soltam fumaça, para fazê-las crer que o exorcismo foi consumado.
Sem estragar a surpresa da trama, pode-se dizer que o caso de Sweetzer mostra-se mais complicado que os costumeiros exorcismos de araque promovidos pelo pastor.
A diferença do filme em relação à concorrência é sua assustadora representação do fundamentalismo religioso do interior americano.
O filme é um sucesso. Custou menos de US$ 2 milhões, mixaria, e já faturou mais de US$ 40 milhões só nos EUA.
Uma coisa é certa: o título é mentiroso. Com filmes de horror faturando assim, ninguém acredita que este será, de fato, o "último exorcismo".
(ANDRÉ BARCINSKI)