JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local

O maestro e musicólogo inglês Christopher Hogwood, 57, chega pela terceira vez ao Brasil -a última foi em 1994- com a Academy of Ancient Music.
Eles se apresentam hoje, amanhã e segunda-feira na temporada da Sociedade de Cultura Artística.
A Academy, fundada por Hogwood em 1973, é um dos melhores conjuntos de câmara europeus em seu gênero.
Especializou-se na interpretação com instrumentos e afinação do período de composição das partituras que interpreta.
Foi em nome da generalização desse critério histórico que hoje os melômanos bem informados não mais aceitam que uma orquestra sinfônica com o porte de meados do século 19 interprete peças barrocas, sinfonias de Mozart ou de Haydn, ou mesmo as primeiras sinfonias de Beethoven.
A orquestra trará como solista a soprano escocesa Lona Anderson, uma das boas e recentes vozes européias cuja especialidade vai do barroco ao repertório do final do século 18.
Hogwood é antes de mais nada um teórico, um intelectual completo, a exemplo do austríaco Nikolaus Harnouncourt, do holandês Gustav Leonhardt ou do inglês Raymond Leppard, também como Hogwood um graduado em humanismo em Cambridge.
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Progresso
Esse grupo, em momentos diferentes a partir dos anos 60, despiu a música instrumental da falsa noção de "progresso" que então predominava nos conjuntos sinfônicos ou de câmara.
Depois deles, não mais se ousou pressupor que um Mozart executado com instrumentos "aperfeiçoados e modernos" soava melhor que o Mozart executado com instrumentos mais toscos, como os que eram utilizados no final do século 18.
Hogwood foi, entre esses novos especialistas, quem mergulhou mais fundo na música inglesa elisabetana, do final do século 16 e início do 17. Com seu trabalho, deu uma nova sonoridade a Purcell e William Bird.
Essa experiência deu ao maestro uma bagagem diferenciada ao reger orquestras e produções operísticas tradicionais.
Entre 1983 e 1985, foi o responsável pelas temporadas líricas de Saint-Louis, nos EUA, onde também dirigiu entre 1988 e 1992 a orquestra de câmara local.
É, no Reino Unido, o diretor musical do festival Mostly Mozart, enquanto nos EUA é o diretor da Sinfônica Nacional de Washington.
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Romantismo
Em suas três apresentações em São Paulo, a Academy of Ancient Music interpreta o mesmo repertório, com duas peças de Mozart e duas de Schubert, o final do classicismo e o início do romantismo.
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Concertos: Academy of Ancient Music Direção: Christopher Hogwood Com: Lona Anderson (soprano) Quando: hoje, amanhã e segunda, às 21h Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, região central da cidade, tel. 011/258-3616) Patrocinadores: BankBoston, Bovespa, Volkswagen e Votorantim Ingressos: de R$ 50 a R$ 100, ou R$ 10 para estudantes, meia hora antes de cada concerto



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