São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2001

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FESTIVAL

Fórum com pensadores e apresentações de palhaços internacionais integram programação de encontro paraibano

Evento tenta fechar orçamento de R$ 1,2 mi

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Cidade-sede da escola Piollin, que há 24 anos ocupa (no início clandestinamente) um convento do século 19, de arquitetura barroca, hoje epicentro da cultura local, João Pessoa dedica-se oficialmente ao riso desde 1983, quando o Circo Piollin, ligado à escola que lhe dá nome, organizou o 1º Festival de Palhaços da Paraíba.
O homenageado daquela primeira edição foi o artista negro Querrenca, palhaço das lonas e das ruas. O festival fez bem à auto-estima do cômico popular, afirma o coordenador de "O Riso da Terra", Luiz Carlos Vasconcelos.
Mais de uma década e meia depois -daqueles hiatos inexplicáveis que perpetuam a produção cultural brasileira-, em 1997, por ocasião do centenário de nascimento do palhaço Piolim (Abelardo Pinto, 1897-1973), aconteceu a segunda edição.
Dessa vez, aberta também a mateus e catirinas (os personagens do bumba-meu-boi). "Foi a gota d'água para uma aproximação ainda maior com a cultura popular", afirma Vasconcelos.
Artistas que participaram da segunda edição, como o grupo Lume, de Campinas, e o escritor pernambucano Ariano Suassuna, voltam para "O Riso da Terra".
Entre os palhaços internacionais, destacam-se o dinamarquês Kai Bredholt, que trabalhou no grupo Odin Teatret, de Eugenio Barba; os americanos Jango Edwards e Laura Herts e a australiana Sue Broadway, estas últimas palhaças de carreira.
Além dos solos, há companhias como a espanhola Los Excéntricos, a francesa La Voyageur Debout, a africana Kakaloi, de Gana, a argentina Chacovachi e a espanhola Tortell Poltrona, encabeçada pelo artista com a qual é batizada, um dos fundadores do movimento europeu Palhaços sem Fronteira.
O "Fórum do Riso" inclui debates com mesas que versarão sobre danças populares, teatro, circo, cinema, oralidades, ciência, filosofia, medicina e riso. Entre os conferencistas, o pesquisador italiano Roberto Tessari, o professor de psicologia Robert Provine e o psiquiatra William Fry, ambos americanos e especializados nos efeitos do riso na sociedade.
Vasconcelos prepara "O Riso da Terra" há cerca de quatro anos. Projetava-o para 1999, mas não conseguiu captar o orçamento de R$ 2,8 milhões, reduzido hoje a R$ 1,2 milhão, o que implicou cortes na programação. Já tem garantidos R$ 400 mil de patrocínio da Petrobras e outros R$ 300 mil repartidos pela Prefeitura de João Pessoa e o governo da Paraíba.
O coordenador tenta captar os R$ 500 restantes e reconhece que está "atrasadíssimo", sobretudo após o fatídico 11 de setembro, quando caíram acordos firmados com empresas aéreas. "Estamos precisando de muito apoio, mas nada vai impedir de ver a festa humana materializada", diz Vasconcelos. (VALMIR SANTOS)



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