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31ª Mostra de SP
"XXY" dá ênfase aos dilemas de amor e sexo
Jovem hermafrodita é tema do longa de estréia da argentina Lucía Puenzo
Premiada em Cannes, cineasta afirma que buscou na trama um "eixo temático" para abordar "a liberdade de escolha no mundo de hoje"
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Para falar "das dúvidas de todo adolescente sobre que tipo
de adulto será" e "dos dilemas
de todos os pais sobre a melhor
forma de orientar seus filhos", a
diretora argentina Lucía Puenzo recorreu a uma personagem
singularíssima em seu longa-metragem de estréia, "XXY".
Alex (Inés Efrón) nasceu
com a ambigüidade biológica
própria dos hermafroditas. Os
pais do bebê, interpretados pelo astro Ricardo Darín e pela
menos conhecida no Brasil Valeria Bertuccelli, recusaram a
sugestão médica de castrar seu
órgão sexual masculino, deixando a ele, no futuro, a definição de sua sexualidade.
É quando Alex completa 15
anos e vive seu primeiro amor
que "XXY" se debruça sobre
sua história, seus conflitos com
o próprio corpo e suas dificuldades nos relacionamentos
com os garotos de sua idade.
"Liberdade de escolha"
Puenzo afirma que situar o
tema da "liberdade de escolha
no mundo de hoje" e a discussão sobre "a identidade" na fase
da adolescência lhe pareceu
"um eixo temático interessante" desde que leu o conto "Cinismo", no qual o filme se baseia (escrito por Sergio Bizzio,
marido da diretora), e não conseguiu mais "tirá-lo da cabeça".
Por ser também escritora e
roteirista, Puenzo decidiu
adaptar ela mesma o conto,
num roteiro que, segundo conta, foi modificado na fase de ensaios, "mas acabou voltando
para algo bem perto da forma
original durante as filmagens".
"XXY" foi rodado numa praia
do Uruguai. É para lá que a família de Alex se muda, com a
intenção de afastar-se "de certo
tipo de gente de Buenos Aires",
como ressalta o personagem de
Darín, num diálogo do filme.
A mudança, contudo, não
consegue evitar que Alex seja
hostilizada por ser "diferente"
e, ao final da trama, tenha que
decidir entre impor-se, escancarando o confronto, ou calar-se diante de uma agressão.
O viés do embate social é, no
entanto, o que Puenzo menos
quis sublinhar em seu filme.
"Havia o risco de as pessoas
acharem que o filme é sobre
uma anomalia. Não é. Essa é
uma história de amor adolescente, algo que acontece a todo
mundo", afirma a cineasta.
Policial
"XXY" recebeu o Grande
Prêmio na Semana da Crítica
no Festival de Cannes, em maio
passado. Dois meses depois, o
filme estreou na Argentina.
"Temi que a reação do público fosse na direção oposta à da
crítica, mas fiquei muito satisfeita com a resposta que o filme
teve aqui", diz Puenzo, 31.
A acolhida a "XXY" deixou a
diretora "animadíssima para
rodar o segundo longa", um
suspense policial, a partir de
março do ano que vem.
Desta vez, Puenzo adaptará
seu próprio livro "El Niño Pez",
sobre "duas adolescentes de
classes sociais diferentes, que
vivem um romance clandestino
e fogem para o Uruguai, quando se envolvem numa história
de crime", resume a autora.
XXY
Produção: Argentina, Espanha, 2007
Direção: Lucía Puenzo
Quando: hoje, às 19h50, no Unibanco
Arteplex 2; amanhã, às 22h40, no Reserva Cultural 1; quarta (31/10), às 23h20, no Unibanco Arteplex 4
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