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Crítica/"Sophisticated Ladies"
Cantoras esbanjam talento em noite de estilos ecléticos
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Nem foi intencional,
mas ao voltar ao palco
do Auditório Ibirapuera para o bis, já na madrugada
da quarta para a quinta, a pianista Carla Bley fechou a noite
intitulada "Sophisticated Ladies" (damas sofisticadas) com
uma bela e apropriada composição de sua autoria: "The
Death of Superman" (a morte
do Super-Homem).
Nessa noite em que os homens ficaram em segundo plano, Bley, a cantora Stacey Kent
e a baixista Esperanza Spalding
esbanjaram sofisticação e talento, cada uma à sua maneira,
mesmo apresentando concepções musicais bem diversas.
A eclética Spalding abriu a
noite em alta combustão. Cantou composições próprias, como a jazzística "She Got You" e
o funk-samba "I Know You
Know", alternando o baixo
acústico com o elétrico. Fez
acrobacias vocais, na balada
"Body and Soul" e em uma peça
contemporânea. Pena que a recém-formada banda, com destaque para o guitarrista Chico
Pinheiro, ainda revela falta de
entrosamento.
Assim como Spalding demonstrou sua paixão pela música brasileira na inventiva releitura de "Ponta de Areia"
(Milton Nascimento e Fernando Brant), Kent declarou sua
admiração pela bossa de Tom
Jobim, interpretando a versão
para o inglês que o próprio escreveu para "Águas de Março".
"Poucas canções já me deram
tanta alegria como esta", disse a
norte-americana, emocionada,
em sua estréia no Brasil. Kent
concentrou seu repertório em
faixas do recente álbum
"Breakfast on the Morning
Tram", como a versão francesa
do "Samba da Bênção" (Baden
Powell e Vinicius de Moraes) e
a delicada "The Ice Hotel".
Parte da platéia já havia deixado o auditório quando Carla
Bley entrou no palco. À frente
de seu quinteto, ela tocou os
seis movimentos de sua suíte
"Banana Quintet" (alguns mais
soturnos e eruditos, outros
mais jazzísticos), que resultaram em uma saborosa sessão
de jazz de câmara. Quem foi
mais cedo deixou de ouvir uma
autora de personalidade.
Avaliação: ótimo (Carla Bley e
Stacey Kent);
bom (Esperanza Spalding)
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