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Na tela, idéias de Niemeyer são bem-recebidas
DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Da tela, o arquiteto Oscar
Niemeyer colocou no bolso a
platéia do Teatro Nacional durante a exibição, fora de competição, do documentário "Oscar Niemeyer - A Vida É um
Sopro", de Fabiano Maciel, na
sessão de abertura do Festival
de Brasília, anteontem.
Bem-humorado, mal-humorado, engajado, sobretudo espontâneo, Niemeyer tirou risadas e aplausos do público, durante toda a projeção, falando
(mal) do presidente americano
George W. Bush, (muito bem)
de mulheres e das curvas que
inspiram seu trabalho, ou de
como a arquitetura não chega
ao "povo fodido que vive nas
favelas", salvo quando há construções cuja beleza enfeitam
uma cidade, como as que ele
projetou para Brasília.
O público também aplaudiu
o arquiteto quando ele reclamou da inflação de novos prédios na capital, que aparecem
no documentário.
A fala fluida de Niemeyer, à
exceção de alguns lapsos de
memória, e as imagens raras de
arquivo, são o forte do documentário. Também interessante é acompanhar a passagem
do tempo no rosto de Niemeyer, não só a partir dos registros históricos, mas também ao
longo dos sete anos em que ele
foi entrevistado pelo diretor.
Parte dos críticos, no entanto,
reclamou da participação do
escritor José Saramago, do cantor Chico Buarque e do poeta
Ferreira Gullar nos depoimentos sobre o arquiteto, não por
demérito de seus discursos,
mas pela sua recorrência nos
documentários nacionais.
Ao final da sessão, quem sabe
incorporando um pouco o humor do personagem há pouco
retratado, o público reclamava
da tumultuada saída do Teatro
Nacional. "Está vendo esta
rampa curva? Foi o Niemeyer
quem projetou. Será que ele
não viu que seria pequena para
toda a gente que cabe lá dentro?", provocou um brasiliense.
Hoje à noite, além de "À Margem da Imagem", serão exibidos na mostra competitiva de
35mm os curtas "De Glauber
para Jirges", de André Ristum,
que já fora exibido no Festival
de Veneza, e "A Lente e a Janela", de Marcus Barbieri.
(ES)
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