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Cinema
Pingüim bate 007 e chega ao país
Versão brasileira tem Daniel de Oliveira e Magal substituindo vozes de Elijah Wood e Robin Williams
Para Wood, "Happy Feet", animação que superou bilheteria de James Bond nos EUA, ensina a valorizar senso de individualidade
EDUARDO GRAÇA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES
Uma legião de pingüins animados por computador tomou
de assalto os cinemas americanos no último dia 17 e chega hoje ao Brasil, com as vozes de Daniel de Oliveira (no lugar do
"hobbit" Elijah Wood) e Sidney
Magal (substituindo Robin Williams) na versão dublada.
"Happy Feet: O Pingüim" já
amealhou US$ 42 milhões nas
bilheterias americanas, superando o novo James Bond e seu
"Cassino Royale" na disputa
pelo topo da lista na primeira
semana do lucrativo período de
feriados nos EUA, que começa
no Dia de Ação de Graças (ontem) e vai até o Ano Novo.
"Happy Feet" conta a história de Mano, um pingüim imperador (os mesmos retratados
em "A Marcha dos Pingüins",
vencedor do Oscar no ano passado) que, ao contrário de seus
pares, é incapaz de cantar.
Com a voz e os imensos olhos
azuis de Elijah Wood, Mano é
um exímio dançarino, mas precisa deixar o conforto da vida
ao lado dos pais (nas vozes de
Hugh Jackman e Nicole Kidman) e encontrar os amigos
Ramon, um machão latino, e
Lovelace, com seu timbre emprestado de Barry White (ambos na voz de Robin Williams),
para descobrir que não existe
mal nenhum em ser diferente.
"A grande mensagem do filme é a valorização do senso de
individualidade", diz Wood em
entrevista à Folha. "Aquilo que
aparentemente nos separa uns
dos outros é, muitas vezes, a essência do que somos, e devemos celebrar isso com intensidade. Eu me sinto extremamente satisfeito por ser, em
muitos aspectos, bem diferente
da imagem convencional de
uma estrela de Hollywood."
Elvis e Robin Williams
Uma das razões do sucesso
de "Happy Feet" é a trilha sonora, que também alcançou os
primeiros lugares das paradas
musicais. Há de tudo um pouco
-Elvis, Beach Boys, Beatles,
Prince e até Robin Williams
cantando "My Way" em espanhol. "O George [Miller, diretor] pediu, e acabou saindo essa
coisa meio "Brokeback Mountain" que é o Ramon cantando
para o Mano: "No lo sé como te
dejar'", brinca Williams, tentando criar algo como o som de
um pingüim cantor de tango,
para a diversão de Wood, que
cai na gargalhada: "O que mais
me fascinou no Mano foi essa
desconexão dele com as opiniões negativas que os outros
têm dele. Por ingenuidade e
uma enorme auto-confiança,
ele não dá bola para o julgamento alheio. Esta é uma senhora qualidade que busquei
exacerbar na hora de colocar a
voz no estúdio", diz.
Foi George Miller quem decidiu incluir no projeto temas
sérios, como os danos causados
na Antártica pela indústria
pesqueira, o aquecimento global, a violência e a imigração
ilegal, com a velha fábula do patinho feio incrementada por
problemas contemporâneos
caros a crianças e adultos.
"A parte mais assustadora ficou concentrada na ação dos
leões marinhos, que me lembram os momentos mais sombrios de clássicos da Disney,
como "Bambi" e "Pinóquio'", diz
Miller. "E mesmo o público
mais conservador, mesmo os
evangélicos que não acreditam
em aquecimento global, conseguirão se identificar com personagens mais autoritários do
mundo dos pingüins", completa, com certa dose de ironia.
O jornalista EDUARDO GRAÇA viajou a convite
da distribuidora Warner
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