São Paulo, sábado, 24 de novembro de 2007

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Carl Cox mistura ritmos e se diz a "ONU dos DJs"

Para artista, que toca hoje em SP, não há motivos para criar divisões na dance music

Turnê do DJ no continente é marcada por tragédia na Venezuela, onde quatro pessoas foram mortas a tiros dentro de um clube

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Carl Cox quer paz, a união dos povos. Ele próprio ilustra: "Sou a ONU dos DJs". O britânico arma sua assembléia-geral na noite de hoje em São Paulo, em apresentação que deve reunir mais de 5.000 pessoas.
A metáfora de Carl Cox se aplica porque, para o DJ, a música eletrônica hoje está polarizada entre os amantes de uma dance music mais lenta, minimalista, e aqueles que preferem batidas mais pesadas e rápidas.
"A idéia de ter que escolher um lado é uma besteira. Como DJ, sempre fui um livro aberto.
Toco tecno pesado, toco minimal, toco soul music, toco reggae. Não estou envolvido em cenas. Por isso, digo que sou como a ONU dos DJs... Queria que não reagissem de forma tão dividida à dance music."
Nessa proposta de união de povos em guerra, Carl Cox chega pela terceira vez ao Brasil. Sua turnê sul-americana ficará marcada por uma tragédia. Na Venezuela, no último dia 3, enquanto Cox pilotava os toca-discos, quatro pessoas foram mortas a tiros na pista de dança e nove ficaram feridas.
"Isso é provavelmente a pior coisa que pode acontecer a um DJ ou a um "entertainer". Ter 7.000 pessoas num clube na Venezuela, um país onde a eletrônica não é tão popular, é algo maravilhoso. Mas então vemos pessoas sendo mortas num clube... Minha tarefa é fazer as pessoas felizes, e é o que estou tentando fazer há quase 30 anos."

DJ aos oito anos
Há três décadas, Carl Cox se dedica a fazer seu público dançar. Nascido em 1962, na Inglaterra, ele atuou pela primeira vez como DJ aos oito anos. "Meu pai costumava dar muitas festas em casa. Do meu quarto, eu ouvia as pessoas na sala rindo, conversando, ouvindo música, e ficava curioso para saber o que estava acontecendo. Meu pai percebeu e disse: "Você tem duas opções. Vai para o quarto e fecha a porta ou vem aqui e escolhe alguns discos para tocarmos". Eu não queria dormir tão cedo, então escolhi a festa. E assim comecei a colocar discos numa vitrola."
Carl Cox cresceu com música negra americana e rock britânico. Desde que passou a tocar profissionalmente, no início dos anos 80, esteve presente em várias das correntes que ajudaram a moldar a dance music: acid house, hardcore (que mais tarde originaria o drum'n'bass), tecno. Hoje, seus sets trazem várias faixas de electro-house, com perfil mais comercial e muitos vocais.
"Eu mesmo não sei como classificar a música que toco. Quando comecei, não havia tantos rótulos. Ainda há muito soul e groove no que toco."
Um dos nomes mais bem-sucedidos da música eletrônica, Carl Cox diz que não tem mais objetivos -já conquistou muito mais do que imaginava.
"Nunca foi uma coisa consciente, nunca tive um plano. Quando o Led Zeppelin lançou o primeiro disco, tenho certeza de que não imaginavam que depois lotariam estádios pelo mundo. A mesma coisa acontece com o Police, com os Rolling Stones", compara.
"Hoje, toco para 25 mil pessoas, mas, no fim das contas, estou ali pelos mesmos motivos que me levaram a começar nesse negócio."


CARL COX
Quando:
hoje, a partir das 22h
Onde: Espaço das Américas (r. Tagipuru, 795, Barra Funda; tel. 0/xx/11/ 3289-4899)
Quanto: de R$ 40 a R$ 150


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