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Carl Cox mistura ritmos e se diz a "ONU dos DJs"
Para artista, que toca hoje em SP, não há motivos para criar divisões na dance music
Turnê do DJ no continente é marcada por tragédia
na Venezuela, onde quatro pessoas foram mortas a tiros dentro de um clube
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Carl Cox quer paz, a união
dos povos. Ele próprio ilustra:
"Sou a ONU dos DJs". O britânico arma sua assembléia-geral
na noite de hoje em São Paulo,
em apresentação que deve reunir mais de 5.000 pessoas.
A metáfora de Carl Cox se
aplica porque, para o DJ, a música eletrônica hoje está polarizada entre os amantes de uma
dance music mais lenta, minimalista, e aqueles que preferem
batidas mais pesadas e rápidas.
"A idéia de ter que escolher
um lado é uma besteira. Como
DJ, sempre fui um livro aberto.
Toco tecno pesado, toco minimal, toco soul music, toco reggae. Não estou envolvido em
cenas. Por isso, digo que sou como a ONU dos DJs... Queria
que não reagissem de forma tão
dividida à dance music."
Nessa proposta de união de
povos em guerra, Carl Cox chega pela terceira vez ao Brasil.
Sua turnê sul-americana ficará
marcada por uma tragédia. Na
Venezuela, no último dia 3, enquanto Cox pilotava os toca-discos, quatro pessoas foram
mortas a tiros na pista de dança
e nove ficaram feridas.
"Isso é provavelmente a pior
coisa que pode acontecer a um
DJ ou a um "entertainer". Ter
7.000 pessoas num clube na
Venezuela, um país onde a eletrônica não é tão popular, é algo
maravilhoso. Mas então vemos
pessoas sendo mortas num clube... Minha tarefa é fazer as pessoas felizes, e é o que estou tentando fazer há quase 30 anos."
DJ aos oito anos
Há três décadas, Carl Cox se
dedica a fazer seu público dançar. Nascido em 1962, na Inglaterra, ele atuou pela primeira
vez como DJ aos oito anos.
"Meu pai costumava dar
muitas festas em casa. Do meu
quarto, eu ouvia as pessoas na
sala rindo, conversando, ouvindo música, e ficava curioso para
saber o que estava acontecendo. Meu pai percebeu e disse:
"Você tem duas opções. Vai para o quarto e fecha a porta ou
vem aqui e escolhe alguns discos para tocarmos". Eu não queria dormir tão cedo, então escolhi a festa. E assim comecei a
colocar discos numa vitrola."
Carl Cox cresceu com música
negra americana e rock britânico. Desde que passou a tocar
profissionalmente, no início
dos anos 80, esteve presente
em várias das correntes que
ajudaram a moldar a dance music: acid house, hardcore (que
mais tarde originaria o
drum'n'bass), tecno. Hoje, seus
sets trazem várias faixas de
electro-house, com perfil mais
comercial e muitos vocais.
"Eu mesmo não sei como
classificar a música que toco.
Quando comecei, não havia
tantos rótulos. Ainda há muito
soul e groove no que toco."
Um dos nomes mais bem-sucedidos da música eletrônica,
Carl Cox diz que não tem mais
objetivos -já conquistou muito mais do que imaginava.
"Nunca foi uma coisa consciente, nunca tive um plano. Quando o Led Zeppelin lançou o primeiro disco, tenho certeza de
que não imaginavam que depois lotariam estádios pelo
mundo. A mesma coisa acontece com o Police, com os Rolling
Stones", compara.
"Hoje, toco para 25 mil pessoas, mas, no fim das contas, estou ali pelos mesmos motivos
que me levaram a começar nesse negócio."
CARL COX
Quando: hoje, a partir das 22h
Onde: Espaço das Américas (r. Tagipuru, 795, Barra Funda; tel. 0/xx/11/
3289-4899)
Quanto: de R$ 40 a R$ 150
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