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Galván busca o flamenco essencial
Bailarino se apresenta amanhã e quarta depois de performance na 28ª Bienal
Pela primeira vez no país, dançarino e coreógrafo espanhol traz espetáculo que fala sobre as diversas eras de ouro da dança flamenca
JULIANA LUGÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O teatro de la Maestranza,
em Sevilha, estava com os 1.800
lugares ocupados. Antes mesmo da entrada de Israel Galván,
35, para sua apresentação na
15ª Bienal de Flamenco, em setembro deste ano, o público
não parava de aplaudir.
A cena descrita no jornal "El
País" pelo crítico Ángeles Castellano G. é reveladora do sucesso que o dançarino e coreógrafo tem feito pela Europa
com seus espetáculos, que, ao
contrário da efusividade do público, são sóbrios e, como ele
gosta de dizer, "essenciais".
Considerado pela "Vanity
Fair" espanhola como uma das
50 personalidades mais importantes do país, Galván vem ao
Brasil pela primeira vez. Suas
apresentações acontecem meses depois de ter passado pelo
NRW International Dance Festival, organizado pela alemã Pina Bausch, em que apresentou
excertos de uma coreografia
chamada "Arena", que remonta
às touradas.
Estreou no último fim de semana, na 28ª Bienal de São
Paulo, em que mostrou a coreografia "Solo"; amanhã e quarta,
apresenta-se no Sesc Vila Mariana, com "La Edad de Oro".
Essencial
Na apresentação no pavilhão
do parque Ibirapuera, Galván
estava sozinho no tablado, com
os pés descalços, sem acompanhamento algum. Para ele, o sapateado silencioso é uma forma
de chegar ao flamenco essencial -e não uma inovação, como querem os críticos.
De fato, a falta do traje típico
e as referências múltiplas a cada espetáculo -de Kafka a
"Apocalipse Now", passando
pelos contos de Andersen- saltam aos olhos e são, no mínimo,
ousadas para a platéia do flamenco tradicional.
Em entrevista à Folha, Galván discorda: "O que faço é voltar às origens. Hoje em dia considera-se inovação apresentar
um espetáculo de flamenco
com apenas um cantor e um
violão ou dançar sem música, o
flamenco por si mesmo".
O bailarino não nega que
busque novidades, mas é nos
temas que o inspiram que elas
devem estar: "Sempre procuro
referências que me façam mudar minha forma de dançar. É
só falando de coisas diferentes
que se pode fazer algo novo".
Em "La Edad de Oro", coreografia que apresenta nesta semana, acompanhado de um
cantor e um violonista, a inspiração veio das muitas épocas
pelas quais passou a dança flamenca. "Não acho que exista
apenas uma época de ouro. Cada era tem a sua época. O ouro
dos dias de hoje, por exemplo,
está na diversidade de personalidades do flamenco."
LA EDAD DE ORO
Quando: amanhã e qua., às 21h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas,141, tel. 0/xx/11/5080-3000)
Quanto: R$ 30
Classificação: não indicado a menores de 12 anos
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