São Paulo, segunda-feira, 24 de novembro de 2008

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Galván busca o flamenco essencial

Bailarino se apresenta amanhã e quarta depois de performance na 28ª Bienal

Pela primeira vez no país, dançarino e coreógrafo espanhol traz espetáculo que fala sobre as diversas eras de ouro da dança flamenca

JULIANA LUGÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O teatro de la Maestranza, em Sevilha, estava com os 1.800 lugares ocupados. Antes mesmo da entrada de Israel Galván, 35, para sua apresentação na 15ª Bienal de Flamenco, em setembro deste ano, o público não parava de aplaudir.
A cena descrita no jornal "El País" pelo crítico Ángeles Castellano G. é reveladora do sucesso que o dançarino e coreógrafo tem feito pela Europa com seus espetáculos, que, ao contrário da efusividade do público, são sóbrios e, como ele gosta de dizer, "essenciais".
Considerado pela "Vanity Fair" espanhola como uma das 50 personalidades mais importantes do país, Galván vem ao Brasil pela primeira vez. Suas apresentações acontecem meses depois de ter passado pelo NRW International Dance Festival, organizado pela alemã Pina Bausch, em que apresentou excertos de uma coreografia chamada "Arena", que remonta às touradas.
Estreou no último fim de semana, na 28ª Bienal de São Paulo, em que mostrou a coreografia "Solo"; amanhã e quarta, apresenta-se no Sesc Vila Mariana, com "La Edad de Oro".

Essencial
Na apresentação no pavilhão do parque Ibirapuera, Galván estava sozinho no tablado, com os pés descalços, sem acompanhamento algum. Para ele, o sapateado silencioso é uma forma de chegar ao flamenco essencial -e não uma inovação, como querem os críticos. De fato, a falta do traje típico e as referências múltiplas a cada espetáculo -de Kafka a "Apocalipse Now", passando pelos contos de Andersen- saltam aos olhos e são, no mínimo, ousadas para a platéia do flamenco tradicional.
Em entrevista à Folha, Galván discorda: "O que faço é voltar às origens. Hoje em dia considera-se inovação apresentar um espetáculo de flamenco com apenas um cantor e um violão ou dançar sem música, o flamenco por si mesmo".
O bailarino não nega que busque novidades, mas é nos temas que o inspiram que elas devem estar: "Sempre procuro referências que me façam mudar minha forma de dançar. É só falando de coisas diferentes que se pode fazer algo novo".
Em "La Edad de Oro", coreografia que apresenta nesta semana, acompanhado de um cantor e um violonista, a inspiração veio das muitas épocas pelas quais passou a dança flamenca. "Não acho que exista apenas uma época de ouro. Cada era tem a sua época. O ouro dos dias de hoje, por exemplo, está na diversidade de personalidades do flamenco."



LA EDAD DE ORO
Quando: amanhã e qua., às 21h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas,141, tel. 0/xx/11/5080-3000)
Quanto: R$ 30
Classificação: não indicado a menores de 12 anos




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