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MÚSICA
"Quero algo que seja de grande escala e underground", diz Hawtin
Dj canadense lança coletânea com álbuns experimentais que o consagraram nos anos 1990
Músico fez os trabalhos com o codinome de Plastikman; novo CD está disponível apenas na internet, até 31/12
SAMY ADGHIRNI
DE SÃO PAULO
O canadense Richie Hawtin é um velho conhecido das
principais casas de música
eletrônica do Brasil.
Bem menos divulgado por
aqui é o projeto Plastikman,
que o consagrou em meados
dos anos 90, quando a cena
brasileira de tecno era micro.
Sob a alcunha Plastikman,
Hawtin criou um som inconfundível. Lento, dark e cerebral. Ao mesmo tempo complexo e ultraminimalista.
Engavetado desde 2003,
quando ele passou a se dedicar só à discotecagem, o projeto foi relançado. Uma coletânea da obra de Plastikman,
"Arkives", está disponível(apenas no site www.m-nus.com) até 31/ 12.
Hawtin conversou com a Folha em São Paulo, no último dia 15, após apresentar-se pela primeira vez no Brasilcomo Plastikman.
Folha - Por que ressuscitar o
projeto Plastikman?
Richie Hawtin-É um projeto que volta toda vez que sinto que tenho algo para dizer.
Um ano atrás, após longa observação da cena de música
eletrônica, senti que estava
faltando algo em termos de
live [apresentações nas quais
os músicos tocam suas próprias composições por meio
de computadores].
Há muitos shows de fundo
de quintal com laptop, e, no
outro extremo, há gente como Fatboy Slim, Chemical
Brothers, Underworld, que é,
antes de tudo, comercial.
Percebi que me encontro a
meio caminho entre os dois
lados. Quero algo que possa
ser ao mesmo tempo de grande escala e underground.
Quando comecei a trabalhar no show, me dei conta
de que há uma geração de jovens que não conhecem Plastikman. Hoje posso ter 20 mil
pessoas que vêm me ver tocar como DJ, mas muitos deles nem tinham nascido
quando lancei Plastikman.
Como explicaria a um leigo a
diferença entre as suas facetas DJ e Plastikman?
Como DJ, sempre uso música de outras pessoas para
criar uma experiência. Isso
supõe limitações. Já o show
do Plastikman é a experiência Richie Hawtin em sua plenitude. Tudo é meu, conectado a mim. É mais profundo,
mais dark, mais louco. É um
som mais underground que o
dos meus sets.
Por que colocar "Arkives" à
venda só na internet?
Não acho que tudo deva
estar disponível para todo
mundo. Gosto da ideia de
que alguns objetos são parte
de uma edição limitada, destinada a pessoas que realmente os querem. Por isso, só
vamos produzir os "Arkives"
que forem pedidos. No fundo, esse é o caminho para a
indústria musical.
Muita gente reclama de
tempos ruins, mas acho que
o setor só está em dificuldade
comercial por ter reduzido
tudo a um grande negócio. A
indústria não foi honesta
com o consumidor: preços altos, música de merda e muitas coletâneas vazias.
De onde vem o nome Plastikman?
A ideia inicial era criar um
álbum para se ouvir no fim
da noite. É quando as pessoas estão mais livres e abertas, como se fossem elásticas
e maleáveis. Aí é onde entra
Plastikman.
As drogas influenciam sua
criação?
Boa parte da obra Plastikman é inspirada em viagens
de ácido. A música em geral é
uma área onde as pessoas experimentam coisas, vestem
novas roupas e peles, descobrem quem elas são na noite.
A música eletrônica leva
essa lógica ao extremo. Depois de ouvir um álbum, as
pessoas pensam: "Meu Deus,
algo maravilhoso acaba de
ocorrer". Isso pode rolar por
meio de uma viagem de ácido ou por uma intensa viagem puramente musical,
completamente sóbrio.
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