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FIM-DE-SEMANA
Peça com o grupo Uzyna Uzona e exposições do museu no parque Ibirapuera são as poucas (e boas) opções para o feriado
"Boca de Ouro" e Pinacoteca salvam o Natal
free-lance para a Folha
Que os detratores silenciem nas
chaminés: José Celso Martinez
Corrêa, 62, um dia tachado como
o "decano do ócio", vai pegar firme no batente no Oficina em pleno Natal. O encenador e seu grupo Uzyna Uzona protagonizam,
amanhã e domingo, a única "oferenda" de Papai Noel no Natal.
"Boca de Ouro" marca a primeira incursão de Zé Celso pela
obra de Nelson Rodrigues (1912-1980). Marcelo Drummond surge
no papel do bicheiro que nasceu
numa pia de gafieira e, em adulto,
malandro de subúrbio, dono do
pedaço, arranca todos os dentes e
põe uma dentadura de ouro.
"O drácula de Madureira", "o
Rasputin suburbano", era assim
que Nelson Rodrigues definia o
personagem na primeira montagem, em 1960, conforme relata
Ruy Castro na biografia do dramaturgo, "O Anjo Pornográfico"
(Companhia das Letras).
Um dos depoimentos mais contundentes sobre a peça foi de Hélio Pellegrino em artigo em "O
Jornal", em 1960. Milton Morais
fazia o papel principal: "Seu primeiro berço foi a pia da gafieira,
onde a mãe, aberta a torneira, o
abandonou num batismo cruel e
pagão. Essa é a situação simbólica
pela qual o autor, com um vigor
de mestre, expressa o exílio e a angústia humana do nascimento, o
traumatismo que nos causa, a todos, o fato de sermos expulsos do
Éden e rojados ao mundo, para a
aventura do medo, do risco e da
morte".
Artes plásticas
Para quem prefere as artes plásticas, uma boa opção no fim de semana são as exposições da Pinacoteca do Estado no parque Ibirapuera. São seis mostras.
"Arte Valenciana no Brasil" traz
quatro artistas da região espanhola. O pintor Manolo Valdés fez
obras especialmente para a ocasião, uma homenagem aos cem
anos da morte do pintor brasileiro José Ferraz de Almeida Júnior.
Valdés esteve no Brasil em março
com reinterpretações de Rembrandt, Matisse e Morandi.
Quem prefere arte geométrica
pode ver José María Yturralde e
seus "Prelúdios-Interlúdios".
Franco De Renzis dialoga com
os clássicos em esculturas fazendo um estudo do movimento em
imagens que estão caindo. Um casal, que parece esculpido por Camille Claudel, mostra-se em posições em que os corpos se misturam.
(VALMIR SANTOS)
(DEMETRIUS CAESAR)
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