São Paulo, sexta-feira, 24 de dezembro de 2010 |
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cinema CRÍTICA SUSPENSE Diretor de "Crash" decepciona em "72 Horas" Longa de Paul Haggis desperdiça boa premissa hitchcockiana e vira um simples filme sobre fuga de cadeia ANDRÉ BARCINSKI CRÍTICO DA FOLHA Uma pessoa pacata e honesta pode quebrar leis e cometer crimes quando acredita que alguém que ama está sendo ameaçado? "72 Horas", de Paul Haggis (vencedor do Oscar de melhor filme por "Crash - No Limite"), é mais um filme que usa esse dilema hitchcockiano como ponto de partida. Russell Crowe interpreta John Brennan, um professor universitário casado com Lara (Elizabeth Banks) e pai de um bebê. O casal tem uma vida tranquila e feliz, até que ela é presa pelo assassinato da chefe. John acredita na inocência da mulher, mas as provas contra Lara são fortes: suas impressões digitais estão na arma do crime e sangue da vítima é encontrado em sua roupa. Os esforços jurídicos do casal não dão em nada. Lara acaba condenada. SUBMUNDO John esgota todas as formas legais de ajudar a mulher. Depois que Lara tenta o suicídio, ele decide libertá-la à força, e começa a planejar uma maneira de tirar a mulher da prisão. Para isso, ele não tem outra opção senão penetrar no submundo. Seu batismo nos subterrâneos da sociedade envolve conseguir passaportes falsos, furtar uma arma, arrombar carros e assaltar a casa de um traficante. E o professor vira um profissional do crime. Com a ajuda de quem? Da internet, claro, na qual ele descobre dicas sobre como abrir um carro usando apenas uma bola de tênis. É também na internet que ele conhece um ex-detento que escapou de diversas prisões, interpretado por Liam Neeson. A sequência do encontro dos dois é particularmente inverossímil e infeliz, quase um curso-relâmpago de fugas do xadrez. Essa transformação do personagem de Crowe em criminoso é a parte mais interessante de "72 Horas", uma refilmagem do thriller francês "Tudo por Ela", de 2008. Pena que o filme de Haggis dê mais destaque ao mirabolante plano de John para tirar a mulher da cadeia do que à metamorfose do professor. O que poderia ter sido um estudo sobre a forma como as circunstâncias moldam as vidas de certas pessoas vira um simples filme de fuga de cadeia. Muito pouco para quem escreveu "Menina de Ouro" e dirigiu "Crash - No Limite" e "No Vale das Sombras". 72 HORAS DIREÇÃO Paul Haggis PRODUÇÃO EUA, 2010 COM Russell Crowe, Elisabeth Banks e Liam Neeson ONDE nos cines Anália Franco, Bristol, Central Plaza e circuito (hoje alguns cinemas mudarão seus horários de funcionamento; é recomendável telefonar antes de sair de casa) CLASSIFICAÇÃO 14 anos AVALIAÇÃO regular Texto Anterior: Última Moda - Vivian Whiteman: Laços de família Próximo Texto: Crítica/Comédia: "O Concerto" exala exotismo de cinema pseudo-sofisticado Índice | Comunicar Erros |
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