São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cinema/estréias

Bruna Lombardi lança filme sobre São Paulo a R$1

No dia do aniversário da cidade onde foi filmado, longa escrito e estrelado pela atriz estréia com ingresso a preço promocional

Dirigido por Carlos Alberto Riccelli, "O Signo da Cidade" enlaça histórias paralelas de personagens solitários a um programa noturno de rádio

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ambientado em São Paulo, o longa "O Signo da Cidade" estréia com ingressos promocionais: em homenagem ao aniversário da cidade, o bilhete do filme hoje custará apenas R$ 1 na capital.
Escrito e estrelado pela atriz Bruna Lombardi, com direção de Carlos Alberto Riccelli, o filme acompanha personagens que, cada um à sua maneira, se vêem sozinhos na multidão.
São jovens e velhos, confrontados em seu dia-a-dia de trabalho na cidade com novos sonhos, antigas sombras do passado, atuais desacertos amorosos e a perspectiva da morte.
O programa noturno de rádio da astróloga Teca (Lombardi) é o elo entre as histórias; o ponto para onde convergem trajetórias inicialmente paralelas.
A Teca, uma confidente a quem não podem ver, os ouvintes contam dúvidas e emoções.
"Prefiro olhar do que ser vista", diz Bruna, explicando que a origem de seu gosto pela escrita ficcional está no hábito de observar as pessoas à sua volta.
Ocorre que Bruna, 55, que começou a carreira como modelo, tornou-se um sinônimo de beleza brasileira e uma atriz de imensa fama na TV, nunca passa despercebida.
A entrevista que ela deu à Folha, no café de um cinema, na tarde de terça passada, foi interrompida seguidas vezes, por fãs que se aproximaram.
Ninguém pediu autógrafo ou uma foto ao lado dela. Todos puxavam conversa, em tom familiar. "As pessoas falam comigo como se tivessem me visto no almoço", descreve Bruna.
"Conviver com essa contradição" de preferir olhar, mas ser constantemente observada, "dá uma certa riqueza mental", diz a atriz e roteirista, num complemento à afirmação de que não carrega com ela "o estigma da beleza".
Casada há 30 anos com Riccelli, Bruna diz nunca ter apostado que ficaria tanto tempo numa mesma relação. "A imagem que eu tinha de mim mesma era a de uma pessoa sozinha, viajando pelo mundo".
No entanto, da perspectiva de Bruna, ela e Riccelli de fato não permaneceram na mesma relação, porque transformaram-se diversas vezes em pessoas diferentes do que eram.
O que mantém o casal unido, na opinião de Bruna, é essa "liberdade de permitir ao outro que ele mude constantemente, porque assim você se relaciona eternamente com o novo".
Em busca do novo, Bruna, Riccelli e o filho, Kim, mudaram-se para os Estados Unidos, quando ela era um dos nomes de ponta no elenco da TV.
"A pressão da Globo [para que ficasse] foi gigantesca", diz Bruna. O mais freqüente argumento lançado pelos que eram contrários à sua mudança sustentava que ela seria esquecida pelo público, caso se afastasse do vídeo. Não foi. Mas, se fosse esse o preço a pagar, Bruna diz que saldaria a conta.
"Sucesso e fama podem ser o resultado do seu trabalho, mas não devem ser [o alvo de] sua busca. O que eu busco é a minha expressão", afirma.

Sem TV
Há "décadas" longe da TV, ela não planeja uma volta à telinha, mas também não descarta essa possibilidade. "Não sou categórica em relação a isso, da mesma forma que nunca consegui ser categórica em nada."
No cinema, como roteirista e atriz, acha que encontrou o equilíbrio perfeito entre "esses dois conduítes" que marcam a sua personalidade, um apontando para a introspecção, outro para a exuberância.
Em "O Signo da Cidade", ela quis tratar de outra contradição que vê na sociedade moderna. Se "as pessoas são muito guiadas pela aparência", de um lado; "o outro é quase sempre invisível", porque não é olhado com genuína atenção.
"A gente vê as outras pessoas, mas nunca se pergunta sobre elas", diz Bruna. Quer dizer, ela, sim, tem o hábito de se fazer perguntas prosaicas sobre os outros. "Quando vejo as pessoas produzidas na SP Fashion Week, penso: como elas chegaram até aqui? Vieram de táxi, de carro, de ônibus? Quanto dinheiro têm no bolso?"
Ela segue tentando desvendar os signos da cidade.


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Sessão em sp será seguida por debate
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.