LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

O DVD "Pros que Estão em Casa" vem na esteira do CD "Negro Amor" (2006) como mais um desdobramento do show que, com algumas variações no repertório, Toni Platão apresenta há quatro anos e se tornou cult no Rio. É curioso, então, que o disco não seja um registro da performance no palco.
Curioso porque suas coreografias, digamos, pendulares e seus trejeitos são importantes para que as canções -em sua maioria, de dor de cotovelo- exalem o veneno que guardam.
Ao evitar o caminho fácil de ligar as câmeras na hora do show, o diretor Gringo Cardia criou de fato um produto novo, o que é louvável nesses tempos de economia de ideias. Mas congelou parte dos diálogos de Platão com o espectador ao reduzir e marcar bem seus movimentos, filmados sem plateia num estúdio carioca.
Faz parte do jogo. Quem vê o DVD não tem o show, que é bom, mas tem um outro conjunto de imagens, que também é bom -ainda que a roupa social, a mobília eclética e a sucessão de artefatos estilosos acabem por ensejar bocejos ao longo das 16 faixas.
O melhor é ver a iconografia do DVD como mais uma moldura possível para Platão cantar "Mares da Espanha" (Angela Ro Ro), "Movimento dos Barcos" (Jards Macalé/Capinam), "Mammy Blue" (Giraud), "Louras Geladas" (Paulo Ricardo/Luiz Schiavon) e outras que, além de caberem bem na sua voz blueseira, formam um bom time de canções de amor contemporâneas.
Platão mostra que Márcio Greyck ("Impossível Acreditar que Perdi Você") e Antonio Marcos ("E Não Vou Mais Deixar Você Tão Só") não ficam fora de esquadro em meio a Bowies e Dylans. Basta que haja uma linha costurando-os. E essa linha é a dos amores perdidos, chorados e vividos. Platão anda bem nela, com ou sem gravata.