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GRAVURA
A Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva está expondo 24 litografias do pintor modernista francês
Lisboa mostra circos de Fernand Léger
JAIR RATTNER
de Lisboa
Em 1947, o editor grego Estrafos
Tériade, que vivia em Paris, lançou
um desafio ao pintor modernista
francês Fernand Léger: fazer um livro de gravuras sobre o circo.
Das 63 litografias criadas por Léger para ``Cirque'' -34 coloridas
e 29 em preto-e-branco-, a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, em Lisboa, está expondo 24.
A mostra, que fica aberta até 6 de
abril, faz parte do ciclo ``Amigos
de Vieira da Silva'', com mostras
de quadros de personalidades importantes na vida da maior pintora
portuguesa deste século. Léger deu
aulas de pintura a Vieira da Silva
quando ela chegou a Paris, na década de 50.
Nascido em 1881, Léger foi, junto
com Braque e Picasso, um dos
mais importantes pintores modernistas. Ele esteve no Brasil em
1955, o ano de sua morte, onde ganhou o grande prêmio da Bienal de
São Paulo. Durante toda a sua vida, Léger frequentava o circo, geralmente acompanhado de amigos, como Apollinaire, Max Jacob
e Blaise Cendrars.
``Cirque'' faz parte de uma trilogia publicada por Tériade. Além de
Léger, o editor também convidou
os artistas Henri Matisse e Georges
Rouault para fazerem livros com
gravuras sobre o circo. Cada livro
teve 250 exemplares. Matisse acabou por mudar o nome de seu livro
para ``Jazz''.
Segundo José Sommer Ribeiro,
diretor da fundação, ``Cirque'' é
um dos grandes livros ilustrados
do pós-guerra. ``O circo sempre
foi muito importante para Léger.
Mas ele vai além, vê que o circo está dentro do círculo.''
No texto que acompanha as gravuras, Léger apresenta o círculo
como símbolo de continuidade e
liberdade.
Inicialmente, o texto do livro era
para ter sido feito pelo escritor
norte-americano Henri Miller. Léger insistiu durante mais de um
ano para Miller escrever sua parte.
Mas quando Miller entregou a
história para acompanhar as gravuras, Léger achou que não combinava e preferiu publicar um texto de sua autoria.
Miller publicou o texto em 1948,
com o título ``The Smile at the
Foot of the Ladder'' (Um sorriso
ao pé da escada), acompanhado de
reproduções de pinturas sobre o
circo de Chagall, Klee, Picasso,
Rouault, Segonzac e Toulouse-Lautrec.
Reprodução proibida
No catálogo da exposição, não há
reproduções das obras expostas.
No lugar, encontram-se páginas
em branco com a inscrição ``reprodução proibida''.
A proibição é responsabilidade
dos herdeiros de Fernand Léger.
Segundo Ivone Cunha Rego, da
fundação, eles não explicaram o
motivo por que não deixaram que
o catálogo tivesse reproduções.
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