São Paulo, segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Irmãos Coen faturam filme, direção e roteiro adaptado

Gabriel Bouys/France Presse
ROTEIRO ADAPTADO "Onde os Fracos Não Têm Vez" (Joel Coen
e Ethan Coen)


DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A LOS ANGELES

Com quatro estatuetas para seu "Onde os Fracos Não Têm Vez" -melhor filme, direção, roteiro adaptado e ator coadjuvante (Javier Bardem)-, os irmãos Ethan e Joel Coen foram os grandes vitoriosos da 80ª edição do Oscar, realizada ontem à noite, em Los Angeles.
Recebendo o prêmio de direção das mãos de Martin Scorsese, premiado no ano passado por "Os Infiltrados", os irmãos não aparentavam muita emoção. Ethan abriu o agradecimento dizendo "não ter muito a acrescentar ao que já disse antes" -quando subiu para receber o Oscar de roteiro adaptado. Joel emendou afirmando que os dois fazem filmes "desde crianças" e que o que fazem agora "não é tão diferente do que faziam quando jovens".
A cerimônia foi marcada também pela festa dos intérpretes "estrangeiros", com quatro europeus vencendo as categorias de atuação.
A inglesa Helen Mirren, vencedora como melhor atriz em 2007, entregou o prêmio de melhor ator ao seu compatriota Daniel Day-Lewis, em uma previsível vitória por sua interpretação de um pioneiro do petróleo em "Sangue Negro".
"É o mais perto que vou chegar de virar um cavaleiro", disse Day-Lewis, que agradeceu à sua mulher, Rebecca Miller, e a seu filho, além do diretor Paul Thomas Anderson.
Igualmente esperado foi o Oscar de melhor ator coadjuvante para o espanhol Javier Bardem, por sua atuação como o assassino de "Onde os Fracos Não Têm Vez".
Depois de agradecer em inglês aos Coen e a seus colegas de elenco, Bardem passou a falar em espanhol, dedicando o prêmio à sua mãe, a atriz Pilar Bardem, que estava na platéia.
"Mamãe, isto é para você, para nossos tios, para nossos avós que trouxeram dignidade para os comediantes da Espanha", disse o primeiro ator espanhol a vencer o prêmio -ele já havia concorrido ao troféu em 2001, por "Antes do Anoitecer".

Surpresas femininas
Já na premiação feminina, o tom foi de surpresa. A francesa Marion Cotillard levou o prêmio de melhor atriz por sua interpretação da personagem-título de "Piaf - Um Hino ao Amor". A favorita na categoria era Julie Christie por "Longe Dela".
Muito emocionada, Cotillard -a primeira francesa a ganhar o prêmio de melhor atriz- recebeu o troféu das mãos de Forest Whitaker (vencedor como melhor ator em 2007) e dedicou-o ao diretor Olivier Dahan.
"Obrigada, vida, obrigada, amor. E é verdade que há alguns anjos nessa cidade", disse, antes de sair chorando do palco, ao lado de Whitaker.
Foi o segundo prêmio de "Piaf", que também teve a melhor maquiagem, para Didier Lavergne e Jan Archibald.
A outra surpresa foi a vitória da inglesa Tilda Swinton ("Conduta de Risco") como melhor atriz coadjuvante, batendo as mais cotadas Cate Blanchett ("Não Estou Lá") e Ruby Dee ("O Gângster").
Visivelmente espantada com sua vitória, a ruiva agradeceu a seu agente norte-americano e disse que lhe daria o troféu dourado ("Pois não estaria aqui se não fosse por ele").

Prêmio e política
De volta à ativa após a greve, os roteiristas trouxeram com eles todas as piadinhas características entre um e outro prêmio, com a apresentação do comediante Jon Stewart, que comandou a cerimônia pela segunda vez.
O apresentador abriu a festa fazendo referência à greve. "Vocês estão aqui! Mal posso acreditar que vocês estão aqui", disse aos convidados.
A política também apareceria na apresentação do prêmio de melhor documentário de curta-metragem, apresentado por soldados americanos diretamente do Iraque. "Freeheld", de Cynthia Wade e Vanessa Roth, foi o vencedor.
A guerra -no caso, a Segunda Guerra- também seria lembrada pelo vencedor do Oscar de filme estrangeiro, o austríaco "The Counterfeiters", a história de um falsificador judeu que vai para um campo de concentração dos nazistas.
O segundo maior vencedor da noite foi "O Ultimato Bourne", que ganhou em três categorias técnicas: edição e mixagem de som, além de montagem.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Horário nobre na TV aberta
Próximo Texto: Vermelho e preto imperam em noite pouco criativa e figurinos sem escândalos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.