São Paulo, sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA DRAMA

Longa nivela momentos trágicos aos hedonistas

"Bruna Surfistinha" nega acesso à esfera emocional da personagem

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

Em uma fase assexuada do cinema brasileiro, "Bruna Surfistinha" é um filme despudorado, que não evita as passagens mais fortes da biografia de sua protagonista.
Ao longo da projeção, vemos Bruna cuspir o esperma de um cliente, urinar em outro etc. Não há hipocrisia no olhar do filme sobre a personagem. E há um tanto de coragem de Deborah Secco em sua entrega ao papel.
Outras virtudes: também não existe um moralismo muito acentuado, nem o psicologismo barato que tenta explicar toda ação com um trauma do passado.
Mas o filme tem problemas de direção e montagem: situações muito diferentes são encenadas com o mesmo tom, com o mesmo ritmo.
O momento hedonista e o trágico ganham tratamento parecido. O resultado é um filme que ilustra os principais episódios da vida de sua personagem, mas que não nos permite compartilhar de seus sentimentos.
A trajetória de Bruna na prostituição é particular. Só que a visão do filme sobre essa história é genérica. Mas há também o contrário, uma situação genérica que o filme torna específica: a das cinco prostitutas que dividem um apartamento.
O diretor Marcus Baldini lança um olhar fresco sobre esse núcleo. Em termos de marketing, uma produção sobre a garota de programa mais famosa do Brasil é a opção mais correta.
Mas "Bruna Surfistinha" deixa a impressão de que havia um filme melhor na história daquelas prostitutas desconhecidas.

BRUNA SURFISTINHA

DIREÇÃO Marcus Baldini
PRODUÇÃO Brasil, 2011
COM Deborah Secco, Drica Moraes e Cássio Gabus Mendes
ONDE nos cines Bristol, Eldorado Cinemark, Espaço Unibanco Pompeia e circuito
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO regular


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