São Paulo, quarta-feira, 25 de março de 2009

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CONEXÃO POP

O globalizado Beirut


Banda norte-americana usa influências francesas e do Leste Europeu para criar som universal


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

QUANDO, NA descrição de uma banda, lemos que suas influências são música oriental e do Leste Europeu, vêm à mente artistas que tratam esses ingredientes não como um meio, mas como uma forma de se diferenciar pela excentricidade ou pelo regionalismo. Não é o caso da banda Beirut.
Montado a partir do vocalista/multi-instrumentista Zach Condon, norte-americano de 20 e poucos anos, o Beirut é dos grupos que tratam o rock como algo global, que pode ser feito tanto por melodias pop como por arranjos intrincados. São capazes de lançar "Gulag Orkestar", reverenciado como um dos discos mais originais de 2006, e de criar uma faixa como "Elephant Gun", que serviu de trilha da minissérie "Capitu", exibida pela Globo em 2008, por exemplo. Após "Capitu", o Beirut tornou-se semipopular no Brasil, mesmo sem ter disco lançado por aqui.
A minissérie não é a única ligação do Beirut com o país. Condon estudou português na universidade, mas fala pouco a língua, ele conta em uma entrevista a esta coluna. "Alguns amigos me mandaram e-mail dizendo que "Elephant Gun" estava sendo usada num programa de TV no Brasil. De repente, fui inundado por mensagens de brasileiros que diziam gostar da banda", afirma.

 

Condon montou o Beirut como um projeto solo. Para os shows, recruta uma série de músicos (as apresentações do grupo chegam a reunir oito ou nove pessoas no palco). "É importante tentar recriar ao vivo todos os detalhes das canções. Por isso chamo muita gente para tocar." O sucesso de "Gulag Orkestar" e do álbum seguinte, "The Flying Club Cup" (este, fortemente influenciado pela chanson francesa), levou o Beirut a turnês intermináveis no exterior. A ponto de um colapso nervoso, Condon cancelou uma tour europeia no ano passado.
"Eu não aguentava mais o ritmo dos shows, estava se tornando algo mecânico. E isso é o pior que pode acontecer em um show ao vivo." Para recuperar o ânimo, Condon gravou dois EPs, completamente diferentes um do outro, que acabam de ser lançados. Um, "March of the Zapotec", foi gravado no México, em que ele foi acompanhado por uma banda local de 19 músicos; o outro, "Holland", tem espírito eletrônico.
"Gravar no México foi energizante. Usei uma banda incrível, muito talentosa, e as músicas fluíram quase naturalmente." Tanto "Zapotec" quanto "Holland" atestam as múltiplas influências globais do Beirut.
 

A Austrália se aproxima de São Paulo. A segunda edição da festa/site IM//A//PARTY (www.imyou are.com) acontece em 4 de abril e tem como convidados os australianos Bag Raiders e Miami Horror. Além disso, o importante selo Modular negocia a criação de um tentáculo paulistano, com site em português e shows das bandas do selo.

thiago.ney@grupofolha.com.br


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