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TELEVISÃO
Crítica
Moretti volta desiludido em "O Crocodilo"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Se tomarmos um filme como
"Caro Diário", de Nanni Moretti, que voltou a ser exibido na
TV paga, e o compararmos ao
mais recente "O Crocodilo"
(Cinemax, 22h, não indicado
para menores de 12 anos), será
fácil verificar uma queda de
inspiração no comediante
italiano.
No primeiro filme, existe um
misto de esperança, inconformismo, surpresa e temor diante do mundo. Doze anos depois, a observação do mundo
(da Itália, em particular) é mais
ferina ainda, mas francamente
desiludida. É como se não houvesse nada a esperar. Nada de
bom, em todo caso.
Mas há, ainda assim, bastante humor na história do produtor de cinema que decide voltar
à ativa com a história de um
magnata das comunicações,
sem saber que esse magnata é
Silvio Berlusconi, dono de um
império de TV e primeiro-ministro. O cinema italiano credita sua crise a Berlusconi. Há
exagero nisso, mas Berlusconi
é possivelmente o fundo do poço: a Itália precisa se repensar
(se a TV não impedir).
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