São Paulo, segunda-feira, 25 de abril de 2005

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No Brasil, modelos estão em discussão

DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio às velhas discussões sobre jabaculê (dinheiro pago por gravadoras para ter suas músicas veiculadas), rádios piratas e perda de anunciantes, algumas faíscas de (radio)atividade já começam a aparecer entre os principais interessados na realidade brasileira.
O papel da tecnologia no rádio foi debatido na penúltima sexta-feira entre os principais nomes do universo radiofônico, que participavam da mesa "Nas Ondas do Rádio", promovida pelo Brazil Music Conference, evento paralelo ao festival Skol Beats.
"A tecnologia vai permitir que a gente consiga fazer a rádio específica para cada um", afirmou Petrônio Correa Filho, diretor da Antena 1. "Quando chegou a internet, falaram que as rádios iriam acabar. Não só não acabaram como quase todas hoje já transmitem também pela internet."
"Rádio é rádio. Internet é internet. Se você não puder ouvir no chuveiro, então não é rádio", exagerou o diretor da Band FM Acácio Luiz Costa. Questão de tempo.
Apesar de divergirem sobre esse e outros assuntos, como o potencial do rádio por satélite, especialmente no Brasil, os debatedores concordaram numa coisa: precisam aumentar o número de ouvintes. "A rádio aqui não pode segmentar, tem que ser um grande guarda-chuva para atingir mais ouvintes", defendeu Carlos Townsend, ex-Cidade e mediador do encontro, que teve também Alexandre Medeiros, ex-Jovem Pan, Ruy Bala, da Transamérica, Alexandre Hovorusky, das rádios Cidade e 89, entre outros.
Ainda que estejam na internet e que muitas já trabalhem com transmissores digitais, para que a migração completa para o sistema digital aconteça, as FMs ainda dependem da aprovação do governo. E, se depender dele, as primeiras a desfrutar do novo modelo serão as rádios AM.
"Para nós, não interessa deixar de fora um radiodifusor de 50 anos de experiência. Temos de fazer com que ele possa se adequar ao novo modelo de negócios", afirmou à Folha André Barbosa, doutor em rádio e assessor de políticas públicas da Casa Civil.
Segundo Barbosa, os testes com o novo sistema começarão a ser feitos em maio, sob o modelo da Digital Radio Mondiale, consórcio internacional que reúne as principais emissoras públicas, como a alemã DW e a BBC inglesa. E deverão ser finalizados até setembro, quando será discutida uma legislação específica para o setor.
"Não existe ainda, em nenhuma parte do mundo, uma legislação madura que englobe todos os envolvidos dentro desse novo modelo, as operadoras de telefonia, de satélite, empresas de tecnologia da informação e outras."
Teremos satélite? "Acho pouco provável que qualquer sistema por assinatura tenha sucesso imediato no Brasil. Empresas de TV a cabo investiram muito dinheiro e hoje têm dois terços de ociosidade. Falta poupança interna nesse país", diz Barbosa. (DA)


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