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No Brasil, modelos estão em discussão
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio às velhas discussões
sobre jabaculê (dinheiro pago por
gravadoras para ter suas músicas
veiculadas), rádios piratas e perda
de anunciantes, algumas faíscas
de (radio)atividade já começam a
aparecer entre os principais interessados na realidade brasileira.
O papel da tecnologia no rádio
foi debatido na penúltima sexta-feira entre os principais nomes do
universo radiofônico, que participavam da mesa "Nas Ondas do
Rádio", promovida pelo Brazil
Music Conference, evento paralelo ao festival Skol Beats.
"A tecnologia vai permitir que a
gente consiga fazer a rádio específica para cada um", afirmou Petrônio Correa Filho, diretor da
Antena 1. "Quando chegou a internet, falaram que as rádios iriam
acabar. Não só não acabaram como quase todas hoje já transmitem também pela internet."
"Rádio é rádio. Internet é internet. Se você não puder ouvir no
chuveiro, então não é rádio", exagerou o diretor da Band FM Acácio Luiz Costa. Questão de tempo.
Apesar de divergirem sobre esse
e outros assuntos, como o potencial do rádio por satélite, especialmente no Brasil, os debatedores
concordaram numa coisa: precisam aumentar o número de ouvintes. "A rádio aqui não pode
segmentar, tem que ser um grande guarda-chuva para atingir
mais ouvintes", defendeu Carlos
Townsend, ex-Cidade e mediador
do encontro, que teve também
Alexandre Medeiros, ex-Jovem
Pan, Ruy Bala, da Transamérica,
Alexandre Hovorusky, das rádios
Cidade e 89, entre outros.
Ainda que estejam na internet e
que muitas já trabalhem com
transmissores digitais, para que a
migração completa para o sistema digital aconteça, as FMs ainda
dependem da aprovação do governo. E, se depender dele, as primeiras a desfrutar do novo modelo serão as rádios AM.
"Para nós, não interessa deixar
de fora um radiodifusor de 50
anos de experiência. Temos de fazer com que ele possa se adequar
ao novo modelo de negócios",
afirmou à Folha André Barbosa,
doutor em rádio e assessor de políticas públicas da Casa Civil.
Segundo Barbosa, os testes com
o novo sistema começarão a ser
feitos em maio, sob o modelo da
Digital Radio Mondiale, consórcio internacional que reúne as
principais emissoras públicas, como a alemã DW e a BBC inglesa. E
deverão ser finalizados até setembro, quando será discutida uma
legislação específica para o setor.
"Não existe ainda, em nenhuma
parte do mundo, uma legislação
madura que englobe todos os envolvidos dentro desse novo modelo, as operadoras de telefonia,
de satélite, empresas de tecnologia da informação e outras."
Teremos satélite? "Acho pouco
provável que qualquer sistema
por assinatura tenha sucesso imediato no Brasil. Empresas de TV a
cabo investiram muito dinheiro e
hoje têm dois terços de ociosidade. Falta poupança interna nesse
país", diz Barbosa.
(DA)
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