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Cinemas/estréias - Crítica/"Pecados Inocentes"
Diretor é hábil ao criar drama intimista
"Pecados Inocentes", de Tom Kalin, conta história verídica de casal que se desestabiliza quando decide ter um filho
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Rodado em 2006 e exibido pela primeira vez no
Festival de Cannes do
ano passado, "Pecados Inocentes" só agora começa a fazer
carreira nos cinemas e será lançado antes no Brasil do que nos
EUA, onde participa neste final
de semana do Festival Tribeca,
em Nova York.
Todo longa tem sua história
de contratempos, mas a demora é reveladora também do estado de coisas do mercado cinematográfico, orientado para
produtos de grande apelo, especialmente os que se dirigem
ao público juvenil, e pouco
amistoso com o que parece
mais "difícil", no jargão da área.
De fato, a experiência a que
"Pecados Inocentes" convida o
espectador não é fácil ou, no aspecto emocional, gratificante.
Em seu primeiro longa de ficção desde "Swoon - Colapso do
Desejo" (1992), o diretor Tom
Kalin faz a anatomia de uma família "disfuncional".
Baseado na história verídica
de Brooks, Barbara e Tony Baekeland, reconstituída em livro
por Natalie Robins e Steven
Aronson, o argumento permite
ao cineasta um elegante exercício de estilo no território do
drama intimista, com ênfase na
sexualidade dos personagens.
Supõe-se, quando o filme
tem início, que havia em algum
momento do passado um equilíbrio -ainda que precário- no
casamento entre o herdeiro de
um inventor (Stephen Dillane)
e uma aspirante a estrela de
Hollywood (Julianne Moore).
Lá se vai o equilíbrio quando
nasce o filho do casal, interpretado por Barney Clark na infância e por Eddie Redmayne como adulto. As diferenças entre
marido e mulher, por exemplo,
deixam de ser silenciosas e se
tornam, às vezes, explosivas.
A dinâmica do pequeno núcleo familiar é acompanhada ao
longo de quase 40 anos, nos diferentes lugares onde eles viveram. Saltos no tempo condensam as relações entre os três a
pequenos momentos significativos do que a ausência, a distância, a incomunicabilidade e
a intolerância podem gerar.
Há também um bocado de
amor em jogo, bem como modos desesperados de buscá-lo e
afirmá-lo, culminando em um
episódio-limite angustiado que
lembra em chave inversa, mas
com idêntica poesia, o que vivem Jill Clayburgh e Matthew
Barry em "La Luna" (1979), de
Bertolucci, com o qual "Pecados..." guarda semelhanças.
PECADOS INOCENTES
Produção: EUA, 2006
Direção: Tom Kalin
Com: Julianne Moore, Stephen Dillane
Onde: a partir de hoje no Cinesesc e no Frei Caneca Unibanco Arteplex
Avaliação: bom
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