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Pinacoteca reúne olhar de brasileiros e franceses
Museu apresenta a partir de hoje 184 imagens em exposição "À Procura de um Olhar'
Curador reuniu desde produção radical de D'Agata, feita em prostíbulos na Luz, em SP, até registros históricos
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os olhares de dez fotógrafos
brasileiros e franceses, em geral bastante distintos, mas que
chegam a dialogar em alguns
momentos, são apresentados
em mais uma exposição em São
Paulo do Ano da França no Brasil, que é aberta na Pinacoteca
do Estado hoje.
"À Procura de um Olhar" tem
curadoria de Diógenes Moura e
reúne 184 imagens dos franceses (ou radicados no país) Pierre Verger, Claude Lévi-Strauss,
Marcel Gautherot, Jean Manzon, Bruno Barbey, Antoine
D'Agata e Olivia Gay e dos brasileiros Luiz Braga, Mauro Restiffe e Tiago Santana.
"Mas não tem essa história
de olhares cruzados. Seria uma
forçação de barra dizer que, por
exemplo, a produção do D'Agata conversa com a dos outros
artistas", afirma Moura, 52,
responsável pelas curadorias
de fotografia da Pinacoteca.
D'Agata, aliás, assina o segmento mais radical da mostra,
no qual apresenta série realizada no ano passado em prostíbulos nas cercanias da estação da
Luz, centro de São Paulo.
"É uma fotografia que tem
uma clara influência da pintura
de Francis Bacon [artista irlandês, 1909-1992]", diz o curador,
explicando os diálogos entre os
dois artistas, como as faces com
bocas expressionistas e os cabelos encobrindo os olhos.
D'Agata, assim como Barbey
e Gay, produziu material exclusivo para a mostra, em São Paulo, Rio e cidades das regiões
Norte e Nordeste. O paraense
Braga, o cearense Santana e o
paulista Restiffe também fizeram registros especialmente
para a exposição.
No entanto, apesar de todos
os profissionais exibirem um
forte estilo próprio, surgem no
meio da exposição alguns pontos de contato.
Na fotografia de lastro mais
histórico, com raras imagens
de Lévi-Strauss -dez, feitas entre 1935 e 1937-, Manzon,
Gautherot e Verger, há flagrantes de tipos humanos que parecem ter desaparecido dos grandes centros.
"Existe uma certa doçura no
gestual e na postura desses tipos populares. Hoje, vejo que o
olhar massificado destruiu tudo isso", avalia Moura. Também há muito em comum entre
eles na temática religiosa e no
registro da vida urbana.
À PROCURA DE UM OLHAR
Quando: abertura hoje, às 11h; de ter. a
dom., das 10h às 18h; até 28/6
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da
Luz, 2, tel. 0/xx/11/3324-1000); livre,
exceto sala de D'Agata (14 anos)
Quanto: R$ 4; entrada franca (sáb.)
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