São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

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COMIDA

Em área com poucas novidades gastronômicas, ...Coq se destaca

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

Charmoso e discreto, o restaurante ...Coq, aberto há três anos entre Higienópolis e Pacaembu, ganha algumas mudanças. Passa a abrir para o almoço e dá uma pequena reformulada no cardápio, que tem os preços reajustados -para baixo. De resto, mantém os aspectos atraentes, começando por ser um dos poucos com ambiente e cozinha mais sofisticados numa área escassa em novidades gastronômicas -que no passado surgiam à velocidade de uma por ano, algo estranho diante do potencial de clientes na região. O ...Coq nasceu com veleidades gastronômicas, mas também com a pretensão de ser um espaço descolado e chique, cuja decoração com elementos antigos e meia-luz trazia ainda uma atmosfera charmosa e romântica. Nada que sobrevivesse sem uma cozinha de qualidade, mas a cozinha era o principal foco do proprietário, Paulo Gorga, um paulistano de 42 anos. Gorga era joalheiro porque este era o negócio da família. Mas desde menino se comprazia, mesmo, em cozinhar (especialmente com o pai gourmet). Ainda jovem sonhava em ter um restaurante, o que se concretizou finalmente com a abertura do ...Coq, que ele instalou numa casa antiga no bairro onde morava. No início, trabalhava diretamente na cozinha, mas percebeu que precisava de um profissional com experiência dedicado à tarefa. Foi quando contratou o chef alagoano Damião Batista, 41, desde 1981 em São Paulo, onde atuou no La Cocagne, Laurent e De Re Coquinaria. Embora não seja exclusivamente francês, o cardápio pende bastante para este lado. É o que se pode ver em entradas como o "cassoulet de lula" (uma sopinha de lula com shiitake e trigo em grãos, servida em panelinha de cobre, com um gostoso apelo de mar, embora pudesse ficar mais leve com um pouco menos de creme); e com os cogumelos à provençal (ao alho, servidos em vol-au-vent com tomate-cereja). Outro prato atraente é o stinco de vitelo, tenro e de tempero delicado, com molho de vinho tinto (este um pouco agressivo) guarnecido com nhoque de semolina gratinado. Os risotos (como os de camarões flambados no whisky com toque de mostarda Dijon) são saborosos, embora lhes falte alguma cremosidade. Itens tradicionais como o filé au poivre (aqui, guarnecido com risoto de morango) não têm erro. A carta de vinhos também foi recentemente reforçada.

@ - josimar@basilico.com.br


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