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COMIDA
Em área com poucas novidades gastronômicas, ...Coq se destaca
JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA
Charmoso e discreto, o
restaurante ...Coq,
aberto há três anos
entre Higienópolis e Pacaembu, ganha algumas mudanças.
Passa a abrir para o almoço e
dá uma pequena reformulada
no cardápio, que tem os preços reajustados -para baixo.
De resto, mantém os aspectos
atraentes, começando por ser
um dos poucos com ambiente
e cozinha mais sofisticados
numa área escassa em novidades gastronômicas -que
no passado surgiam à velocidade de uma por ano, algo estranho diante do potencial de
clientes na região.
O ...Coq nasceu com veleidades gastronômicas, mas
também com a pretensão de
ser um espaço descolado e
chique, cuja decoração com
elementos antigos e meia-luz
trazia ainda uma atmosfera
charmosa e romântica. Nada
que sobrevivesse sem uma
cozinha de qualidade, mas a
cozinha era o principal foco
do proprietário, Paulo Gorga,
um paulistano de 42 anos.
Gorga era joalheiro porque
este era o negócio da família.
Mas desde menino se comprazia, mesmo, em cozinhar
(especialmente com o pai
gourmet). Ainda jovem sonhava em ter um restaurante,
o que se concretizou finalmente com a abertura do
...Coq, que ele instalou numa
casa antiga no bairro onde
morava. No início, trabalhava
diretamente na cozinha, mas
percebeu que precisava de
um profissional com experiência dedicado à tarefa. Foi
quando contratou o chef alagoano Damião Batista, 41,
desde 1981 em São Paulo, onde atuou no La Cocagne, Laurent e De Re Coquinaria.
Embora não seja exclusivamente francês, o cardápio
pende bastante para este lado. É o que se pode ver em entradas como o "cassoulet de
lula" (uma sopinha de lula
com shiitake e trigo em grãos,
servida em panelinha de cobre, com um gostoso apelo de
mar, embora pudesse ficar
mais leve com um pouco menos de creme); e com os cogumelos à provençal (ao alho,
servidos em vol-au-vent com
tomate-cereja).
Outro prato atraente é o
stinco de vitelo, tenro e de
tempero delicado, com molho de vinho tinto (este um
pouco agressivo) guarnecido
com nhoque de semolina gratinado. Os risotos (como os de
camarões flambados no
whisky com toque de mostarda Dijon) são saborosos, embora lhes falte alguma cremosidade. Itens tradicionais como o filé au poivre (aqui,
guarnecido com risoto de morango) não têm erro. A carta
de vinhos também foi recentemente reforçada.
@ - josimar@basilico.com.br
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