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Vivica Genaux traz árias
de Händel a São Paulo
Mezzo-soprana se apresenta amanhã e quarta
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No ano em que o planeta celebra a memória de Georg Friedrich Händel (1685-1759), pelo
250º aniversário de seu falecimento, o Brasil recebe uma das
maiores especialistas em sua
música na atualidade.
A mezzo-soprano norte-americana Vivica Genaux, 40,
canta árias de Händel e seu
contemporâneo Johann
Adolph Hasse (1699-1783)
amanhã e quarta-feira na Sala São
Paulo, na série da
Sociedade de Cultura Artística.
Repetido na
quinta-feira, na Sala Cecília Meireles,
no Rio de Janeiro, o
programa terá ainda obras instrumentais de Händel
e do italiano Antonio Vivaldi (1678-1741) executadas
pelo Concerto
Köln, renomado
grupo alemão especializado em tocar
música antiga com
instrumentos de
época.
"Para ser sincera,
quando comecei a
cantar Händel não
gostei, porque ele me parecia
antisséptico e pouco emocional
se comparado a Hasse", diz Genaux, cujo início de carreira foi
marcado por papéis do bel canto de Gioachino Rossini (1792-1868), em óperas como "O Barbeiro de Sevilha" e "A Italiana
em Argel".
"É claro que eu estava errada.
Com os anos, fui entendendo a
beleza da música de Händel",
conta a cantora, dona de uma
técnica superlativa, que lhe
permite, sem esforço aparente,
enfrentar com agilidade as dificuldades técnicas e as coloraturas da ornamentada música do
século 18.
"Na primeira vez em que eu
cantei música barroca com
uma orquestra de instrumentos de época, foi como naquela
cena do filme "O Mágico de Oz",
em que se passa do árido mundo em branco-e-preto para a
fantasia em cores", compara.
Hoje, ela tem sido internacionalmente requisitada para
cantar os papéis que, nos idos
de 1700, eram escritos para os
castrati (plural de castrato,
cantor que era emasculado na
infância para manter o timbre feminino de sua voz).
Genaux falou à
Folha por telefone
desde sua cidade
natal -Fairbanks,
no Alasca. Filha de
um bioquímico
norte-americano
descendente de
belgas e de uma
professora de idiomas mexicana com
sangue suíço-germânico, ela conta
ter se beneficiado
indiretamente da
Guerra Fria.
"Como o espaço
aéreo soviético era
fechado, os artistas
europeus que iam
fazer turnês no Japão ou na Coreia
acabavam parando no Alasca, e
alguns se apresentavam por
aqui", diz. "Tive, assim, a chance de ver gente maravilhosa, como o flautista Jean-Pierre
Rampal, a companhia de dança
de Martha Graham e os Meninos Cantores de Viena, que ficaram na minha casa, falando
alemão com mamãe."
VIVICA GENAUX
Quando: amanhã e quarta, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio
Prestes, s/nº)
Quanto: R$ 70 a R$ 150 (R$ 10 para
estudantes de até 30 anos, meia hora antes dos concertos)
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