São Paulo, segunda-feira, 25 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vivica Genaux traz árias de Händel a São Paulo

Mezzo-soprana se apresenta amanhã e quarta

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No ano em que o planeta celebra a memória de Georg Friedrich Händel (1685-1759), pelo 250º aniversário de seu falecimento, o Brasil recebe uma das maiores especialistas em sua música na atualidade.
A mezzo-soprano norte-americana Vivica Genaux, 40, canta árias de Händel e seu contemporâneo Johann Adolph Hasse (1699-1783) amanhã e quarta-feira na Sala São Paulo, na série da Sociedade de Cultura Artística.
Repetido na quinta-feira, na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, o programa terá ainda obras instrumentais de Händel e do italiano Antonio Vivaldi (1678-1741) executadas pelo Concerto Köln, renomado grupo alemão especializado em tocar música antiga com instrumentos de época.
"Para ser sincera, quando comecei a cantar Händel não gostei, porque ele me parecia antisséptico e pouco emocional se comparado a Hasse", diz Genaux, cujo início de carreira foi marcado por papéis do bel canto de Gioachino Rossini (1792-1868), em óperas como "O Barbeiro de Sevilha" e "A Italiana em Argel".
"É claro que eu estava errada. Com os anos, fui entendendo a beleza da música de Händel", conta a cantora, dona de uma técnica superlativa, que lhe permite, sem esforço aparente, enfrentar com agilidade as dificuldades técnicas e as coloraturas da ornamentada música do século 18.
"Na primeira vez em que eu cantei música barroca com uma orquestra de instrumentos de época, foi como naquela cena do filme "O Mágico de Oz", em que se passa do árido mundo em branco-e-preto para a fantasia em cores", compara.
Hoje, ela tem sido internacionalmente requisitada para cantar os papéis que, nos idos de 1700, eram escritos para os castrati (plural de castrato, cantor que era emasculado na infância para manter o timbre feminino de sua voz).
Genaux falou à Folha por telefone desde sua cidade natal -Fairbanks, no Alasca. Filha de um bioquímico norte-americano descendente de belgas e de uma professora de idiomas mexicana com sangue suíço-germânico, ela conta ter se beneficiado indiretamente da Guerra Fria.
"Como o espaço aéreo soviético era fechado, os artistas europeus que iam fazer turnês no Japão ou na Coreia acabavam parando no Alasca, e alguns se apresentavam por aqui", diz. "Tive, assim, a chance de ver gente maravilhosa, como o flautista Jean-Pierre Rampal, a companhia de dança de Martha Graham e os Meninos Cantores de Viena, que ficaram na minha casa, falando alemão com mamãe."


VIVICA GENAUX
Quando: amanhã e quarta, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº)
Quanto: R$ 70 a R$ 150 (R$ 10 para estudantes de até 30 anos, meia hora antes dos concertos)


Texto Anterior: Projeto para Chávez não será visto
Próximo Texto: Por que ver?
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.