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Autor une nostalgia e lirismo em HQ
Rubem Braga "aparece" em "Sábado dos Meus Amores", novo livro de Marcello Quintanilha, fã do escritor
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"As minhas histórias são repletas de nostalgia. O lugar em
que me criei, em Niterói, era
um bairro operário. À medida
em que as fábricas foram embora, só ficou o sentimento
nostálgico."
Assim o quadrinista Marcello Quintanilha, 37, dá uma dica
para o clima de seu novo livro,
"Sábado dos Meus Amores".
Nostalgia é uma das palavras-chaves para o livro, mas
não a única. Há um tom de crônica, lirismo e identidade brasileira que permeia as seis histórias em quadrinhos que compõem o álbum.
"Todas as minhas histórias
têm a tendência de transformar a vida em crônica", afirma
Quintanilha, também autor de
"Fealdade de Fabiano Gorila"
(de 1999) e "Cidades Ilustradas
- Salvador" (2005). Assim, tudo
pode servir de mote para uma
HQ: do voo de uma borboleta
em uma metrópole ao ato de
apostar na loteria. "Sou um
grande fã de Rubem Braga." O
escritor capixaba, inclusive, faz
uma breve "aparição" na história que abre o livro.
O lirismo aparece no título.
"Optei por um título que remete ao universo daquelas histórias, não a uma específica",
conta ele. "Todas as HQs têm
um ar evocativo. Para algumas
pessoas pode parecer poético.
Para outros, uma crônica."
E a identidade brasileira está
presente nos pontos de partida
das histórias: a paixão de um
carioca pelo futebol, um dia na
vida de um ajudante de circo no
interior paulista, um história
de amor envolvendo um jangadeiro nordestino.
"Não tenho dificuldades em
representar o Brasil", diz o artista, que mora há sete anos na
Espanha. "O Brasil está comigo.
Sob muitos aspectos, o Brasil
que está em "Sábado dos Meus
Amores" está nos moldes do
país que eu vivi nos anos 70."
"Conviver com uma cultura
como a espanhola é importante
para quem é oriundo da cultura
ibérica", diz o artista sobre sua
vivência na Europa. "Querendo
ou não, você encontra um pouco do seu passado."
A identidade brasileira não
está apenas no conteúdo, mas
também na forma: Quintanilha
explorou recursos específicos
das histórias em quadrinhos.
"Uso balões que não têm forma
fixa para simular a maleabilidade da língua como é falada no
Brasil", explica.
Além disso, as HQs do livro,
conta ele, foram feitas com grafite e aquarela, "uma herança litográfica da imprensa do fim do
século 19 e do início do século
20". "Procurei algo que pudesse ajudar com que o desenho
fosse associado à identidade
brasileira", afirma.
SÁBADO DOS MEUS AMORES
Autor: Marcello Quintanilha
Editora: Conrad
Quanto: R$ 39 (64 páginas)
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