São Paulo, terça-feira, 25 de maio de 2010

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Peça põe bailarinas maduras em cena

"Divagar", de Sônia Mota, abre temporada de dança do teatro Mars, com quatro artistas entre 39 e 62 anos

Coreógrafa ressalta a qualidade e a "expressividade natural" de bailarino mais experiente

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quatro bailarinas experientes, com idades entre 39 e 62 anos, surgem em cena para falar sobre o tempo, inclusive a falta dele.
É esse o pequeno resumo do espetáculo "Divagar", que a coreógrafa Sônia Mota, 62, estreia hoje no teatro Mars, reunindo no mesmo palco, além dela, Célia Gouvêa, 60, Mara Borba, 59, e Luciana Porta, 39. O espetáculo é um projeto pessoal da coreógrafa radicada na Alemanha, que, desde que voltou ao Brasil, há dois anos, vem concebendo um trabalho com intérpretes mais maduras, que normalmente não estão em cena.
"Depois de uma certa idade, o bailarino está fadado a coreografar ou dar aula. Faço parte de uma geração que começou a trabalhar nos anos 1960 e 1970 e ainda se mantém ativa. Por que não abrir espaço na cena contemporânea para esses intérpretes mais maduros?", diz Mota.
Para ela, bailarinos mais velhos não estão preocupados com virtuosismo, mas sim com a qualidade dos movimentos.
"Há uma densidade e expressividade natural na movimentação de um bailarino mais experiente", afirma. Desde o início do ano, a coreógrafa tem se dividido entre São Paulo e Belo Horizonte, onde está à frente da Cia. de Dança Palácio das Artes.

O QUARTETO
Para o espetáculo, Mota arregimentou bailarinas com as quais havia convivido no palco e fora dele, mas todas com carreiras relevantes.
Célia Gouvêa estudou com Maurice Béjart (1927-2007) na Bélgica e, em 1974, foi uma das fundadoras do Teatro de Dança Galpão, movimento que renovou a dança paulistana.
Mara Borba dançou no Balé da Cidade de São Paulo e fez parte do grupo de Ismael Ivo, na Alemanha. Já Luciana Porta, a mais nova do quarteto, dançou no Ballet Stagium, além de outras companhias. Em cena, as quatro se revezam em papéis que representam diferentes leituras do tempo.
A relação com a natureza e com a memória, o tempo cronológico e a falta de tempo dos humanos são alguns dos enfoques. Num dos raros textos, uma tartaruga divaga sobre o tempo.
"Divagar", cuja trilha é assinada por Daniel Maia, Cuenco e Brian Eno, marca ainda o início da temporada de dança de 2010 do Teatro Mars, que, desde o ano passado, passou a abrigar mais espetáculos coreografados.


DIVAGAR

QUANDO estreia hoje; ter. a sex., às 21h, e dom., às 17h; até 6/6
ONDE teatro Mars (r. João Passalacqua, 80, tel. 0/xx/11/ 3105-8950)
QUANTO de R$ 10 e R$ 20
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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