São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2011

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música

Profetas do Gagaísmo

Lady Gaga lança novo álbum, "Born This Way", para mostrar aos críticos que ela é seu próprio personagem

JON PARELES
DO "NEW YORK TIMES"

Lady Gaga se fantasia até mesmo para um ensaio. Ela se preparava para ser a atração principal do evento anual da Fundação Robin Hood, que reúne 4.000 das pessoas mais ricas de Nova York em benefício de programas de combate à pobreza.
O momento aconteceu menos de duas semanas depois do show final da Monster Ball, a turnê que percorreu o mundo por dois anos. Mas ela não estava se dando nenhum tempo para relaxar.
Sua apresentação no evento foi seguida pelo lançamento de seu novo álbum, "Born This Way", tão contagiante e euforicamente bombástico quanto a música que converteu Gaga em sensação.
E acrescenta uma dimensão adicional: seu relacionamento muito prezado com um público de massa. "Posso ser a rainha que vocês precisam que eu seja", ela canta.
"Born This Way" chega depois de "The Fame", lançado em 2008 (com mais de 4 milhões de cópias vendidas só nos Estados Unidos), e do disco de remixes e faixas extras "The Fame Monster", que saiu no ano seguinte.
Lady Gaga, que nasceu Stefani Germanotta, tem 25 anos e ainda em 2007 se apresentava em clubes pequenos, virou a popstar mais onipresente e bombástica do século 21 até agora. "Sou um show sem intervalos", diz.
Ela renova sua imagem na velocidade da internet. David Bowie desenvolveu um look novo para cada álbum. Madonna, para cada canção. Lady Gaga parece ter um visual novo para cada notícia. Sobre o palco, contudo, conserva uma coisa importante ao natural: canta sem playback.

CRIAÇÃO PRÓPRIA
À diferença de boa parte de seus concorrentes nas paradas, Lady Gaga é, segundo todos os relatos, uma criação da própria Lady Gaga.
"É sempre muito estranho quando as pessoas dizem "esta é você verdadeira?'", diz. ""Born This Way" é uma resposta a todas as perguntas que as pessoas me vêm fazendo nos últimos três anos. É quem eu sou."
Seu ritmo é implacável. "Ela é a primeira artista a quem já pedi que parasse", diz Jimmy Iovine, presidente da gravadora dela, a Interscope Geffen A&M Records. A maioria dos criadores de sucessos separa gravação e turnês; Lady Gaga faz tudo ao mesmo tempo.
Ela criou "Born This Way" enquanto estava em turnê, gravando canções depois de cantar sobre o palco durante mais de duas horas. Lady Gaga não foi exatamente uma sensação que surgiu da noite para o dia, e a rejeição inicial ainda dói.
"The Fame" ignorou as tendências da década, usando uma batida nada sutil -atualização da batida disco- em lugar do funk sincopado, do hip-hop e R&B. A batida já era padrão havia muito tempo na Europa, mas as rádios americanas opunham resistência. Foram precisos seis meses de divulgação para que o single "Just Dance" chegasse às rádios; virou número um.
A música de "Born This Way" é inseparável de sua turnê em grandes arenas; Lady Gaga canta para os fãs, e sobre eles.
"Acho que é preciso sentir confiança. Digo isso com humildade, mas com a integridade e certeza de minhas habilidades como música." Mas a confiança não lhe permita relaxar. "Estou sempre no ringue de boxe", disse Lady Gaga. "Tenho uma arma dupla: ambição e garra."

Tradução de CLARA ALLAIN.


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