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CRÍTICA
Visão de Rua radicaliza olhar feminino
DA REDAÇÃO
"Você está entrando no
submundo do caos/ E vai
sentir na pele um pouco da nossa
realidade." As falas de abertura do
CD "Ruas de Sangue", do Visão
de Rua, lançado no mês passado,
não dizem, mas atenção: essa realidade é vista sob uma ótica extremamente feminina.
Quem conhece Mano Brown sabe do que ele, como cronista, é capaz. Isso mesmo, cronista, com
sua narrativa envolvente e bem
amarrada, suas rimas fortes e o
ritmo pesado da pegada. Foi com
suas histórias sobre a periferia
que o Racionais tornou-se referencial para o rap. O antológico
"Sobrevivendo no Inferno" (98),
obra-prima do gênero, vendeu
mais de 1 milhão de cópias, sem
aparecer na TV.
Só que o assunto aqui não é Racionais, mas os impressionantes
relatos de mesmo nível, reunidos
em "Ruas de Sangue", todos escritos por Dina Dee. Pare para pensar de que maneira a mulher é
abordada ou se coloca sobre seu
mundo no cancioneiro nacional.
Quantos cantaram o medo do
parto ou do desgaste físico causado por drogas e álcool na mulher?
Visão de Rua cantou na autobiográfica "Meu Filho Minhas Regras", um dos pontos altos do CD,
e em "Efeito da Balada".
"Ruas" inova não só quanto à
temática, mas pela exatidão das
rimas, com bases melódicas e rítmicas bem feitas -bastante diferentes do amadorismo que se ouvia no início do movimento no
Brasil. Na onda dos gringos, o rap
nacional se profissionalizou e,
certamente, Dina Dee e o Visão de
Rua estão entre os melhores.
(CAROLINA FREDERICO)
Ruas de Sangue
Artista: Visão de Rua
Gravadora: Atração
Quanto: R$ 25, em média
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