São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2001

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CRÍTICA

Visão de Rua radicaliza olhar feminino

DA REDAÇÃO

"Você está entrando no submundo do caos/ E vai sentir na pele um pouco da nossa realidade." As falas de abertura do CD "Ruas de Sangue", do Visão de Rua, lançado no mês passado, não dizem, mas atenção: essa realidade é vista sob uma ótica extremamente feminina.
Quem conhece Mano Brown sabe do que ele, como cronista, é capaz. Isso mesmo, cronista, com sua narrativa envolvente e bem amarrada, suas rimas fortes e o ritmo pesado da pegada. Foi com suas histórias sobre a periferia que o Racionais tornou-se referencial para o rap. O antológico "Sobrevivendo no Inferno" (98), obra-prima do gênero, vendeu mais de 1 milhão de cópias, sem aparecer na TV.
Só que o assunto aqui não é Racionais, mas os impressionantes relatos de mesmo nível, reunidos em "Ruas de Sangue", todos escritos por Dina Dee. Pare para pensar de que maneira a mulher é abordada ou se coloca sobre seu mundo no cancioneiro nacional. Quantos cantaram o medo do parto ou do desgaste físico causado por drogas e álcool na mulher? Visão de Rua cantou na autobiográfica "Meu Filho Minhas Regras", um dos pontos altos do CD, e em "Efeito da Balada".
"Ruas" inova não só quanto à temática, mas pela exatidão das rimas, com bases melódicas e rítmicas bem feitas -bastante diferentes do amadorismo que se ouvia no início do movimento no Brasil. Na onda dos gringos, o rap nacional se profissionalizou e, certamente, Dina Dee e o Visão de Rua estão entre os melhores.
(CAROLINA FREDERICO)

Ruas de Sangue
    
Artista: Visão de Rua
Gravadora: Atração
Quanto: R$ 25, em média



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