São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2001

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MÚSICA

U2 pode voltar ao Brasil em janeiro de 2002

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Primeiro , o que interessa: a Folha apurou que o U2 pode se apresentar de novo no Brasil em janeiro do ano que vem. Uma grande empresa carioca traria o quarteto irlandês, que só estaria acertando os detalhes.
Por enquanto, acabam de terminar a turnê americana, na última sexta, em East Rutherford, em Nova Jersey, aqui ao lado. De 6 de julho (Copenhague, Dinamarca) a 25 de agosto (Slane Castle, Irlanda), "fazem" a Europa.
Mas há uma semana estavam no Madison Square Garden, em Nova York, quando os quatro rapazes de Dublin mostraram do que são capazes. E só. E isso é muito. Explico: a última turnê da banda, PopMart, que esteve no Brasil em 1998, foi quase uma apresentação circense, em que o som era apenas uma das atrações.
Tinha o maior telão do planeta Terra, um limão gigante de onde saía Bono, uma azeitona imensa, além de um único arco dourado e toda a pretensão do mundo.
Esta turnê, Elevation, é o contrário disso tudo. U2 volta ao básico: quatro caras, seus instrumentos, alguma gracinha de luz, o repertório da banda, uma homenagem ou outra. Tem a ver com o clima do último disco, "All That You Can't Leave Behind".
Parece que eles deram um tempo de lutar pela paz na Irlanda, tentar consertar o mundo ou converter todas as pessoas ao catolicismo e resolveram simplesmente se divertir. Em tempos de "Beautiful Day", The Edge, Larry Mullens Jr. e Adam Clayton entram no palco sem nenhuma pose, saídos do camarim atrás do palco, com todas as luzes acesas.
Bono segue os três, ainda incapaz de abandonar o clichê de rockstar. Todo de preto, óculos escuros, os ombros eretos demais, a cabeça jogada para trás e um andar arrastado, parece uma interpretação de Robin Williams (com quem está ficando cada vez mais parecido, aliás) para uma peça infantil.
Depois de apresentar duas ou três músicas, no entanto, fica claro que Bono chegou àquele estágio da vida de uma estrela em que recebe carta branca para fazer o que quiser, é a obra que importa. E ela está lá, na melhor forma.
São 23 anos de U2 -a banda se formou com os mesmos quatro músicos em 1978, em Dublin. Passou por muitas fases, umas mais interessantes que outras, mas nunca se duvidou da química e competência do grupo.
Neste show, sem muitos artifícios, dá para comprovar. Do jeito mais cru, mais básico possível, os quatro dublinenses mostram do que são feitos: inspiração, talento, entrega total, competência. E, uma vez ou outra, até rebeldia.


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