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MÚSICA
U2 pode voltar ao Brasil em janeiro de 2002
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Primeiro , o que interessa: a
Folha apurou que o U2 pode
se apresentar de novo no Brasil
em janeiro do ano que vem. Uma
grande empresa carioca traria o
quarteto irlandês, que só estaria
acertando os detalhes.
Por enquanto, acabam de terminar a turnê americana, na última sexta, em East Rutherford, em
Nova Jersey, aqui ao lado. De 6 de
julho (Copenhague, Dinamarca)
a 25 de agosto (Slane Castle, Irlanda), "fazem" a Europa.
Mas há uma semana estavam
no Madison Square Garden, em
Nova York, quando os quatro rapazes de Dublin mostraram do
que são capazes. E só. E isso é
muito. Explico: a última turnê da
banda, PopMart, que esteve no
Brasil em 1998, foi quase uma
apresentação circense, em que o
som era apenas uma das atrações.
Tinha o maior telão do planeta
Terra, um limão gigante de onde
saía Bono, uma azeitona imensa,
além de um único arco dourado e
toda a pretensão do mundo.
Esta turnê, Elevation, é o contrário disso tudo. U2 volta ao básico: quatro caras, seus instrumentos, alguma gracinha de luz, o repertório da banda, uma homenagem ou outra. Tem a ver com o
clima do último disco, "All That
You Can't Leave Behind".
Parece que eles deram um tempo de lutar pela paz na Irlanda,
tentar consertar o mundo ou converter todas as pessoas ao catolicismo e resolveram simplesmente
se divertir. Em tempos de "Beautiful Day", The Edge, Larry Mullens Jr. e Adam Clayton entram
no palco sem nenhuma pose, saídos do camarim atrás do palco,
com todas as luzes acesas.
Bono segue os três, ainda incapaz de abandonar o clichê de
rockstar. Todo de preto, óculos
escuros, os ombros eretos demais,
a cabeça jogada para trás e um andar arrastado, parece uma interpretação de Robin Williams (com
quem está ficando cada vez mais
parecido, aliás) para uma peça infantil.
Depois de apresentar duas ou
três músicas, no entanto, fica claro que Bono chegou àquele estágio da vida de uma estrela em que
recebe carta branca para fazer o
que quiser, é a obra que importa.
E ela está lá, na melhor forma.
São 23 anos de U2 -a banda se
formou com os mesmos quatro
músicos em 1978, em Dublin. Passou por muitas fases, umas mais
interessantes que outras, mas
nunca se duvidou da química e
competência do grupo.
Neste show, sem muitos artifícios, dá para comprovar. Do jeito
mais cru, mais básico possível, os
quatro dublinenses mostram do
que são feitos: inspiração, talento,
entrega total, competência. E,
uma vez ou outra, até rebeldia.
Avaliação:
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