São Paulo, domingo, 25 de junho de 2006

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1 NASCE UM POETA

Talvez cansado do show de realidade que comanda na Globo, Pedro Bial preferiu nesta Copa subir aos céus do lirismo. Suas crônicas estilosas, que mimetizam a "poética" do veterano Armando Nogueira, enchem de imagens constrangedoras os lares brasileiros. E vão influenciando seus colegas de cobertura -Cesar Tralli já desponta como promissor discípulo.
Após a vitória do Brasil sobre a Croácia, o bardo global assim cantou o gol de Kaká (para melhor apreciar, leia pausadamente, no ritmo da Globo): "Kaká parte para o chute e espia. O olhar do craque dura dois décimos de segundo e enxerga o que a gente não vê. Depois é só colocar, esperar o goleiro se esticar todinho, apreciar a rede estufar, gritar, abraçar. Kaká, o cara".
A estréia brasileira, segundo Bial, anuncia "uma Copa sofrida". "Aliás, não seria Copa sofrida uma redundância?", pergunta, num lampejo metalinguístico. Ao cantar o primeiro gol contra a Austrália, diz que Ronaldo, "sem olhar enxerga Adriano". E conclui: "Hora da Austrália conhecer a perna esquerda do imperador".
Inspirado pela reação dos reservas contra o Japão, Bial soltou a bomba: "Juninho rangia os dentes. Bola rolando, o time mordia, transpirava atitude, vontade tamanho GG".
Mas nada ainda superou a citação shakespeariana para lançar indagações sobre os problemas da seleção: "Qual é o algo de pobre no reino do Brasil?".


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