São Paulo, segunda-feira, 25 de junho de 2007

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Distribuição é o principal "gargalo" do cinema no país

DA SUCURSAL DO RIO

O principal problema do cinema brasileiro está na distribuição. O BNDES identifica nela o gargalo dos filmes nacionais. Ainda em fase de estudos, o banco planeja lançar instrumentos de financiamento para fortalecer as distribuidoras brasileiras.
Nas últimas semanas, das 2.095 salas no país mais de 1.500 exibiam "Homem Aranha 3" e "Piratas do Caribe 3". Para Luiz Carlos Barreto, o governo não pode se restringir ao financiamento da produção e da exibição, mas deveria financiar também a demanda.
O produtor defende a instituição de um vale-cultura, que seria fornecido por empresas a funcionários nos mesmos moldes de um vale-refeição. "O consumo de bens culturais tem que ser democratizado no país. Vamos continuar produzindo filmes para 10 milhões de pessoas que vão ao cinema dez vezes por ano? Isso é ridículo."
Segundo Barreto, o investimento na formação de público permitiria que os filmes fossem financiados pela própria bilheteria. "Na década de 70, você fazia um filme e, com o que arrecadava, já pagava mais um ou dois. Fazia um "Dona Flor", um "Bye, Bye Brasil", mas hoje em dia isso não acontece mais", afirma. Quanto às salas, o produtor diz que o país precisa investir em centros populares, com ingressos mais baratos.
Independentemente das discussões do setor ou do modelo mais apropriado de salas de cinema, os dados do BNDES mostram que o país tem ainda muito espaço para aumentar os locais de exibição cinematográfica. Entre as capitais, Porto Alegre apresenta a maior proporção de salas em relação à população: tem uma para cada 22 mil habitantes. Os últimos dados disponíveis mostram uma razão de uma sala para cada 90 mil pessoas no país.
Na Argentina, existe uma sala a cada 37,7 mil habitantes. Nos EUA, há uma para cada 7,7 mil habitantes e, na França, uma para cada 11,4 mil. De 1975 a 2006, o número de salas de cinema no Brasil caiu 36%. Em meados da década de 70, o país tinha mais de 3.000 salas. Em 2006, o total era de 2.095. (JL)


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