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CRÍTICA ARTES PLÁSTICAS
Mostra leva arte de rua de Nador ao museu
"Pinturas de Exteriores" escapam da contradição, por deixar claro desconforto da artista com o sistema da arte
FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
Quando pichadores e grafiteiros buscam se institucionalizar, adequando suas
obras aos espaços asseados
de museus e galerias, ganha
relevância a trajetória de Mônica Nador, que segue sentido contrário à tendência.
Nador surgiu como artista
nos anos 80, a chamada década do retorno à pintura. No
entanto, ao invés de seguir
comportada nessa nova velha onda, declarou que "gastava-se tinta demais dentro
dos museus, quando o mundo é que precisava de cores".
Desde então, seu trabalho
mais reconhecido têm sido as
"paredes pinturas", projeto
que desenvolve em conjunto
com diversas comunidades,
em especial no Jardim Miriam, zona sul de São Paulo.
É lá que funciona o Jamac
(Jardim Miriam Arte Clube),
criado em 2004, que tem Nador à frente e mudou a aparência de dezenas de casas
da região e de outras cidades.
"Pinturas de Exteriores",
em cartaz na Estação Pinacoteca com cerca de 20 obras,
poderia tornar-se, nesse contexto, uma contradição com
as ideias de Nador.
No entanto, isso não ocorre, pois a exposição deixa explícito que o desconforto
com o sistema da arte é inerente ao seu trabalho. Mesmo
no limite do que se pode chamar decorativa -com repetições de padrões, como um
papel de parede- sua obra é
irônica o suficiente para desestabilizar esse conceito.
Além do mais, a mostra se
completa com um trabalho
feito por jovens integrantes
do Jamac. A coerência entre
suas paredes e as pinturas revela como é possível superar
a possível dicotomia entre a
rua e o museu.
MÔNICA NADOR:
PINTURA DE EXTERIORES
QUANDO de ter. a dom.,
das 10h às 18h. Até 1/8
ONDE Estação Pinacoteca (largo
General Osório, 66, tel. 0/xx/11/ 3335-4990)
QUANTO R$ 6,00
AVALIAÇÃO ótimo
JOSÉ SIMÃO
O colunista é publicado
no caderno Copa 2010.
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