São Paulo, sábado, 25 de junho de 2011

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Teatro de objetos é tema de mostra que começa hoje em SP

Semana Internacional de Teatro de Animação reúne grupos europeus que se tornaram referência no gênero

Espetáculo espanhol dos irmãos Oligor já rodou o mundo e está entre os destaques da programação

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

Os jovens Jomi e Senen Oligor se isolaram no porão de uma casa em Valência, na Espanha, por três anos e meio.
O retiro foi uma maneira um tanto depressiva de enfrentarem dificuldades financeiras. A frustração de Senen também era afetiva.
Eles passavam os dias transformando sucata em brinquedos. Com o tempo, a terapia dos irmãos começou a atrair os vizinhos.
O movimento impulsionou a dupla a criar pequenas cenas para os objetos -e arrumar caixotes para os curiosos se sentarem.
Foi assim, por acaso, que nasceu "Las Tribulaciones de Virginia". O espetáculo vai ser apresentado pela primeira vez na América Latina na Segunda Semana Internacional de Teatro de Animação do Sobrevento, que começa hoje no Espaço Sobrevento, em SP (leia ao lado).
O espetáculo foi descoberto em 2002 por um dos curadores do Festival Internacional de Teatre Visual i de Titelles, de Barcelona. Desde então, a peça viaja o mundo.
"Nunca pensamos em fazer peças de teatro. Toda essa história tem a ver com o que estávamos passando", conta Jomi, mostrando uma caixinha de música bastante particular, que aparece em cena.
A base é uma caixa de charutos, e a bailarina, feita de alumínio, tem como suporte o tinteiro de uma caneta esferográfica.
"Não somos virtuosos da manipulação. Fazemos truques simples", afirma Jomi.
A magia da obra reside justamente na característica artesanal dos objetos criados.
Outras companhias importantes de teatro de animação compõem a programação da mostra, como a Philippe Genty e a Théâtre Manarf, da França, e a Gare Central, da Bélgica.
O Brasil marca presença com a Mútua, de Santa Catarina, e o Grupo Sobrevento, em sua primeira incursão no teatro de sombras, com o espetáculo infantil "A Cortina da Babá", baseado em texto de Virginia Woolf.
"Queremos mostrar os diferentes caminhos que o teatro de animação aponta, pelas mãos dos maiores representantes dessa linha", diz o diretor do Sobrevento, Luiz André Cherubini, também idealizador do evento.
Além de poesia visual, os espetáculos têm em comum a abordagem intimista, a fusão de linguagens e a intenção de apontar novos caminhos para o gênero.
"O teatro de objetos veio questionar o teatro de boneco tradicional e até o teatro em geral. Está na ponta de uma arte que não se prende a uma forma definida. Tem que deixar de ser visto como o primo pobre do teatro", diz Cherubini.


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