São Paulo, segunda-feira, 25 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

OPINIÃO

Decadência foi vista pelo público como um reality show macabro

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

"A morte dela era apenas uma questão de tempo", disse a mãe de Amy Winehouse, Janis, a um jornal inglês. Pouco depois, a família divulgou uma nota à imprensa, pedindo "privacidade".
Curioso. A mesma família que agora se recolhe é a que passou os últimos anos dando entrevistas a programas de TV sensacionalistas, como fez o pai de Amy, Mitchell.
A verdade é que ninguém se surpreendeu com a morte de Amy Winehouse.
Periga ser a tragédia mais anunciada dos últimos tempos. Uma espécie de farsa trágica, um reality show macabro, com ampla cobertura da mídia e acompanhado de perto pelos fãs.
Os fãs de Amy também participaram da farsa. A prova é que, nos shows, vibravam quando ela chegava ao palco cambaleando. Qualquer mico da cantora nos palcos ou na rua era rapidamente jogado no YouTube.
Até mesmo um site foi criado, www.whenwillamywinehousedie.com, que prometia dar um Ipod à pessoa que acertasse a data da morte da cantora.
A diferença entre a morte de Amy e as de outros artistas famosos foi a cobertura, quase em tempo real, por parte da mídia.
Numa época de culto a celebridades e de banalização da informação, havia uma oferta quase diária de novos "dados" sobre a cantora.
Um dos depoimentos mais sensatos sobre o caso veio do médico norte-americano Drew Pinsky, especialista em tratamento de viciados.
"Uma pessoa que chega ao estágio em que Amy chegou precisa de muitos meses de tratamento só para recuperar a consciência de que precisa se tratar", disse Pinsky. "Só que ela é uma celebridade, de quem muitas pessoas dependem para ganhar dinheiro, e parar de trabalhar é a última prioridade."
Curiosamente, Pinsky é apresentador de "Celebrity Rehab with Doctor Drew", um programa de TV dos mais apelativos, em que famosos (ou melhor, ex-famosos) tentam se livrar de seu vício em drogas e álcool.


Texto Anterior: Gravadora e artistas devem lucrar com o fato
Próximo Texto: Crítica black: George Clinton faz 70 em plena forma
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.