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"Olga" de Jayme Monjardim terá ritmo de novela
CLÁUDIA CROITOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DO RIO
O grito "ação!" que deu início às
gravações do filme "Olga", há
duas semanas, em uma casa no
bairro de Santa Tereza, no Rio, foi
o primeiro que boa parte da equipe de filmagem do longa ouviu
num set de cinema -incluindo o
autor do grito, o diretor Jayme
Monjardim.
À frente de seu primeiro filme, o
diretor de núcleo da TV Globo,
responsável por produções como
"O Clone", levou para o cinema a
equipe que costuma trabalhar
com ele nas novelas que dirige na
emissora. Muitos desses são recém-saídos da minissérie "A Casa
das Sete Mulheres", como a atriz
Camila Morgado, revelada por
Monjardim na produção e que
agora estréia no cinema vivendo o
papel-título do filme.
A própria roteirista, Rita Buzzar, conheceu o diretor em um
trabalho para a TV, ao escrever "A
História de Ana Raio e Zé Trovão", novela da extinta TV Manchete dirigida por Monjardim.
Com tanta gente de televisão, o
diretor acha inevitável que "Olga"
tenha uma certa cara de novela.
"Eu não queria abrir mão do
meu estilo só porque é cinema.
Demora muito tempo para se
criar um carimbo profissional",
diz o diretor.
"Olga" conta a vida de Olga Benário (1908-1942), revolucionária
judia nascida na Alemanha, mulher do líder comunista Luís Carlos Prestes, que veio ao Brasil participar da Intentona Comunista e
foi entregue a Hitler pelo governo
Getúlio Vargas.
Acostumado a gravar capítulos
das novelas que dirige em cenários no exterior -"O Clone" teve
cenas em Marrocos, por exemplo- Monjardim desta vez terá
de recriar cidades como Moscou e
Berlim das décadas de 20 e 30 no
próprio Rio. O orçamento do filme, R$ 12 milhões, não permitirá
viagens. O campo de concentração onde Olga terminará seus dias
será recriado provavelmente em
uma fábrica de Bangu.
"Vamos utillizar angulações
que não permitirão às pessoas saberem que é o Rio que está sendo
mostrado", diz a diretora de arte,
Tiza de Oliveira, outra debutante
no cinema.
O filme usará cenas de dois documentários, "Um Dia em Berlim" e "Um Homem e Sua Câmera", que mostram respectivamente imagens de Berlim e Moscou na
época em que se passa "Olga".
Os diálogos, inclusive o da protagonista com seus pais, alemães,
serão em português, e Morgado
falará sem sotaque. "Vou fazer como os americanos. Não podemos
ter medo de assumir nossa língua", diz Monjardim.
Para fazer o roteiro, Buzzar teve
acesso, na Alemanha, a arquivos
da Gestapo (polícia nazista alemã) que não estavam abertos ao
público na época em que Fernando Morais escreveu a biografia de
Olga, que inspirou o filme. Produzido pela Nexus Cinema e Vídeo e
pela Globo Filmes, "Olga" tem estréia prevista para 2004.
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