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THIAGO NEY
Quer brincar de Barbi?
Performáticas e escrachadas, Barbis de Olinda tiram sarro de cinema nacional e têm clipe censurado no YouTube
Se te convidarem para o show de
uma banda "irreverente", que
canta músicas "hilárias" em
apresentações "teatrais", dê uma
desculpa e caia fora. Se te derem o
disco de um grupo como, sei lá, Língua de Trapo, troque numa loja de
usados. Porque as únicas roqueiras
performáticas e escrachadas que
importam são as Barbis de Olinda.
As Barbis de Olinda são quatro.
Têm esse nome porque são de Olinda (PE) e porque são... barbies.
A banda na verdade chama Backing Ballcats Barbis Vocal's, e Drica
Barbi, Lilica Barbi, Sabri Barbi e Leta Barbi são acompanhadas por quatro músicos, os Bobs Babilônias.
Com quatro anos de vida e ainda
sem gravadora, elas devem lançar o
primeiro disco até o final do ano.
Mas dá para conhecê-las tanto no
www.asbarbis.com como no espaço que guardam no www.tramavirtual.com.br.
Ali podemos ouvir, por exemplo,
a genial "Só Se Alise", em que elas
dão a dica: "Só se alise/ O seu namorado". Ou "Viva o Cinema Latino-Americano", cujo tema é explicado pela própria Drica Barbi: "É
uma brincadeira com essa seriedade que se criou no Brasil em torno
do cinema nacional, com a necessidade de colocá-lo no alto".
A música é rock, às vezes puxando para o pop, às vezes para o punk,
às vezes para o samba -mas nunca
para o mangue beat. No palco, cada
uma encarna um personagem.
As Barbis de Olinda são, também,
polêmicas. "Rê Bordosa", por
exemplo, ganhou um clipe, dirigido
por Daniel Bandeira. No filme, atores encenam uma história de terror em que uma mulher e o amante
são mortos pela Rê Bordosa.
O clipe foi colocado no YouTube.
Mas, como tem algumas cenas de
sexo (do tipo explícito), foi retirado
pelos administradores do site. Durante o tempo em que esteve no ar,
gerou mais de 20 mil downloads.
Entre as quatro Barbis, há duas
antropólogas, uma socióloga e uma
arte-educadora. Antes que esse
currículo te faça virar a cara com
medo do cabecismo, deixe a Drica
Barbi explicar: "Não somos feministas e nem pretendemos usar a
banda para fazer teorizações".
Ao vivo, as Barbis de Olinda poderão ser vistas no festival No Ar:
Coquetel Molotov, que acontece
em Recife em 1º e 2 de setembro.
thiago@folhasp.com.br
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