LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os ingleses sabem que dar ao humor um certo ar grave, solene -sem claque nem encadeamento acelerado de "punch lines" (frases com piadas ou jogos de palavras)-, só torna as coisas mais engraçadas. A quase-documental "The Office" está aí para prová-lo. Pois os australianos também parecem estar aprendendo o ofício. "Os Indicados", série que o Film & Arts estréia hoje, traça o perfil de cinco candidatos fictícios a "australiano do ano".
O primeiro é um ex-policial que virou herói depois de resgatar crianças de um brinquedo inflável que voava em direção à rede elétrica. Ele agora quer ser palestrante motivacional. Há também o jovem físico que criou um painel solar de alto rendimento, mas, no fundo, gosta mesmo é dos palcos.
Para não falar da estudante de 16 anos que recolhe donativos para jovens africanos famintos, sem saber o nome de nenhum. Ou do adolescente em vias de doar um dos ouvidos para o irmão gêmeo, surdo. Ou ainda da mãe de família que teve uma hipertrofia na perna e, superando as adversidades, tornou-se a recordista mundial (19 km!) de uma nova modalidade: rolamento lateral.
Tudo para escancarar o não raro falso altruísmo de "heróis" criados e incensados pela mídia. O que toda essa benevolência quer é a ribalta.