São Paulo, sábado, 25 de agosto de 2007

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Maestro faz tributo a Toscanini em SP

Lorin Maazel, diretor da Filarmônica de NY, rege orquestra jovem italiana de 200 músicos para homenagear mestre

O 50º aniversário de morte do regente italiano inspirou a criação da Sinfônica Toscanini, que se apresenta hoje e amanhã na Sala SP

Divulgação
Lorin Maazel, que rege a Sinfônica Toscanini hoje e amanhã na Sala SP; para a apresentação de hoje, ingressos estão esgotados


IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em 1941, o mítico regente italiano Arturo Toscanini (1867-1957), então no auge da fama e do prestígio, convidou um menino de 11 anos para reger sua Orquestra da NBC, com a qual ele estabelecia um novo e elevado paradigma de execução sinfônica nos EUA. O concerto foi eletrizante.
Norte-americano nascido na França, o garoto, que vinha estudando violino (instrumento do qual se tornaria um virtuose) desde os cinco anos, e regência desde os sete, ganhou os mais calorosos elogios do velho maestro. Aos 77, e ocupando os cargos de diretor musical da Filarmônica de Nova York e do Palau de Les Arts Reina Sofia, em Valência (Espanha), Lorin Maazel resolveu homenagear o guru que tanto o incentivou.
Na série de assinaturas do Mozarteum Brasileiro, ele traz ao Brasil a Sinfônica Toscanini, orquestra jovem de 200 integrantes, sediada na Itália e criada no ano passado por sua iniciativa, para celebrar a memória do maestro, no 50º aniversário de sua morte.
"Toscanini atingiu um padrão de performance que serve como modelo para os intérpretes de hoje, e todos nós temos que lutar para estar à altura do desafio desse padrão", afirma Maazel. "Seu legado mais importante foi a integridade como músico e como ser humano consciente."
Tendo regido mais de 150 orquestras, em um total de aparições públicas que supera 5.000, ele rejeita o estereótipo de que as orquestras italianas são inferiores às de países como a Alemanha e o Reino Unido. "No passado, a RAI de Roma e a RAI de Turim tinham orquestras que não perdiam para nenhuma, como são hoje a do Scala de Milão e a Sinfônica Toscanini", diz ele.
O item do programa de hoje, com ingressos esgotados, não poderia ser mais emblemático da efeméride: uma apresentação, em versão concerto, da ópera "Aida", de Verdi, com o coro do Maggio Musicale Fiorentino e cantores de renome internacional, como a soprano Maria Guleghina, o barítono Juan Pons, o tenor Walter Fraccaro e a mezzo-soprano Ana Smirnova.
Toscanini era um violoncelista de 19 anos quando foi chamado à última hora para assumir a batuta de uma apresentação de "Aida" no Rio, em 1886. "Essa estréia sensacional deu a ele fama instantânea", conta. Já a apresentação de amanhã, que ainda tem entradas disponíveis, traz um repertório da primeira metade do século 20, com a "Suíte nº 2 de Baco e Ariadne", do francês Albert Roussel (1867-1937), e os poemas sinfônicos "As Fontes de Roma" e "Os Pinheiros de Roma", do italiano Ottorino Respighi (1879-1936).
Complementam a tarde da ópera "Salomé", de Richard Strauss (1864-1949), a "Dança dos Sete Véus" e a cena final, tendo como solista convidada a soprano norte-americana Nancy Gustafson, 51, que, em 2005, no Covent Garden, em Londres, cantou na estréia de "1984", ópera de Maazel baseada no livro de George Orwell.
O maestro já esteve no Brasil várias vezes, regendo uma gama de orquestras que vai desde a Filarmônica de Viena até a Experimental de Repertório.
Fez uma memorável (e hoje fora de catálogo) gravação dos "Choros nº 6", de Villa-Lobos, e registrou em LP o "Guia dos Jovens para Orquestra", de Britten, com narração sua, em português. "Eu ainda falo português, mas mal", diz, por e-mail e em inglês. "Falta-me a prática. É uma língua charmosa e muito rica."

LORIN MAAZEL
Quando:
hoje, às 20h30; amanhã, às 17h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3223-3966)
Quanto: R$ 60 a R$ 200


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