São Paulo, terça, 25 de agosto de 1998

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'Sonho' é pesadelo para artista

da Redação

Mário Simões, paulista radicado na Paraíba há cinco anos, ficou indignado com o trabalho do artista plástico Yan Duyvendak, a série de cartões-postais "Os Sonhos Brasileiros", e resolveu protestar, só que atacando trabalhos de outros artistas do Laboratório.
Irritado com as imagens de crianças abandonadas, favelas e áreas pobres de João Pessoa colhidas por Yan, o artista brasileiro pichou as obras de Gunter Frentzel, Elizabeth Arpagaus e Fabiana de Barros com a frase: "Seu sonho brasileiro é nossa dor e pesadelo".
"Todo mundo estava aceitando o trabalho de Yan sem problemas, foi uma coisa coletiva. Você não pode ficar apenas dois meses em um país e fazer uma leitura dessa natureza, tocar numa ferida tão nossa e chamar isso de sonho brasileiro", justifica Simões.
"Foi uma coisa sarcástica e de espírito colonialista. Eu quero levá-los a refletir sobre o assunto."
As pichações foram feitas à luz do dia, na última sexta-feira. Um dos trabalhos atacados, a instalação de Frentzel, reúne 60 cocos de gesso no centenário Forte de Cabedelo, a 20 km de João Pessoa.
A artista plástica brasileira Fabiana de Barros foi a única que recebeu o protesto de Simões com naturalidade. Segundo ela, a proposta de seu "Fiteiro Cultural" (quiosque de madeira onde ela interage com a população) era mesmo incorporar "opiniões" externas. "O outro sempre faz parte do meu trabalho. Eu me presto a esse tipo de intervenção." (FO)



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