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Coleção capta a alma de Sergio Rezende
LEONARDO CRUZ
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
Sergio Rezende é um dos
mais respeitáveis diretores do
cinema nacional -sua carreira,
que não está livre de falhas, é marcada por bons filmes e o interesse
por temas da história recente e da
cultura do país, como "Lamarca"
e "Guerra de Canudos".
É, portanto, alvissareira a notícia que dois de seus melhores filmes ganham bem cuidadas edições em DVD, dentro da "Coleção
Brasil". "O Homem da Capa Preta" (1986) e "Quase Nada" (2000)
refletem momentos bem distintos
do cinema de Rezende.
Épico do bananal, "Capa Preta"
narra a trajetória de Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque,
alagoano radicado em Duque de
Caxias, cacique político regional
nos anos 1950 e 1960.
O principal mérito de Rezende
em "Capa Preta" está na escolha
do protagonista: como Tenório
Cavalcanti, José Wilker construiu
uma das grandes atuações de sua
carreira, um personagem magnetizante, capaz de arredondar o
texto muitas vezes quadrado, inverossímil, do roteiro original.
A entrevista com o político real
que integra os extras do DVD permite dimensionar a caracterização precisa de Wilker, que absorveu o espírito messiânico de Tenório Cavalcanti, que cultivou votos e admiradores à base de manobras populistas, um jornal sensacionalista e disparos assassinos
de sua metralhadora Lurdinha.
Lançado 14 anos depois, "Quase
Nada" provavelmente é o filme
mais intimista de Rezende. São
três histórias de um Brasil rural,
anônimo, rodadas na propriedade da família do diretor. A inveja,
o medo e o ciúme dominam as vidas de peões, vaqueiros e agricultores, em uma obra que ganha
corpo por seus silêncios e meias-palavras e, aqui também, por duas
grandes atuações, de Augusto
Pompeo (em "Foice") e Genézio
de Barros (em "Veneno").
O Homem da Capa Preta
Quase Nada
Direção: Sergio Rezende
Distribuidora: Paramount; R$ 40, em
média, cada um
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