São Paulo, sexta-feira, 25 de setembro de 2009

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br

Londres faz brinde ao glamour

Semana de moda inglesa, que comemorou seus 25 anos, tem grand finale com desfile estrelado da grife Burberry

Há muito tempo não se via num só desfile da semana de moda de Londres um público tão estrelado. Na mesma plateia da grife Burberry, estavam as atrizes Liv Tyler, Gwyneth Paltrow, Emma Watson e a cantora Victoria Beckham, esta num belo vestido preto, misteriosa e gélida como a Sibéria.
Além delas, a nata da imprensa de moda também compareceu em peso a Londres, como a editora Anna Wintour, transformada em celebridade fashion máxima depois do sucesso do documentário "The September Issue" (a edição de setembro), sobre a "Vogue".
Mais famosa grife britânica, a Burberry desfila há dez anos em Milão, embora mantenha seu quartel-general e sua produção na Inglaterra. Com o esvaziamento da semana londrina, transferiu o seu show para a Itália em busca de uma maior visibilidade na mídia e de maior proximidade com compradores internacionais.
Outras marcas e estilistas britânicos relevantes também se "exilaram", como Alexander McQueen, Stella McCartney e Gareth Pugh, que desfilam em Paris, ou Matthew Williamson, que faz seus shows em Milão.
Como nesta temporada a London Fashion Week completou 25 anos, uma operação de guerra foi montada para trazer algumas das grifes de volta à terra natal. A estratégia, que envolveu até o governo britânico, deu certo. Não vieram todas as marcas, mas veio a mitológica Burberry, criada em 1856, além de Williamson. A indústria têxtil e de confecção é a segunda maior da Grã-Bretanha.
Aproveitando também o aniversário, a semana londrina mudou de locação, montando sua tenda de desfiles no pátio de um belo palácio próximo ao rio Tâmisa, a Somerset House. As roupas também agradaram no desfile da Burberry na última terça-feira. A ideia central e dominante do estilista Christopher Bailey foram os drapeados, usados de várias maneiras (retorcidos, amarrados...) e com grande maestria. O resultado foi uma silhueta forte, mas ondulada, com efeitos bem sensuais e imprevisíveis. A paleta de cores foi destaque, com lindos tons pastel bem claros em azul, amarelo, verde e rosa.
Nas passarelas, Londres perdeu muito da radicalidade criativa que costumava ser um dos seus diferenciais. Com isso, a semana londrina acabou ressaltando a importância de alguns clássicos do país, como Paul Smith, Nicole Farhi e Vivienne Westwood (que exibe ali sua segunda linha; a primeira é mostrada em Paris).
Entre os novos estilistas, chamou a atenção Christopher Kane, 27. Sua coleção, além de inventiva em termos de design, deve ser uma das mais emblemáticas da temporada. Ela sintetizou muito bem certo desejo dominante (até agora) de criar para o verão uma imagem feminina bem jovial, quase adolescente, mas com a sensualidade à flor da pele. Não à toa, Kane diz ter se inspirado em "Lolita".
O clamor selvagem de Brigitte Bardot, uma das grandes musas dos anos 60, deve ser, ainda, a imagem por trás dos sensacionais looks xadrezes da coleção, além das abusadas fendas nas saias. Mas, como o estilista gosta de polemizar, Kane afirmou que sua inspiração principal veio do suicídio coletivo comandado pelo fanático religioso Jim Jones, em 1978, na Guiana. Ok, a gente já entendeu.


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