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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@grupofolha.com.br
Londres faz brinde ao glamour
Semana de moda inglesa, que comemorou seus 25 anos, tem grand finale com desfile estrelado da grife Burberry
Há muito tempo não se via
num só desfile da semana de
moda de Londres um público
tão estrelado. Na mesma plateia da grife Burberry, estavam
as atrizes Liv Tyler, Gwyneth
Paltrow, Emma Watson e a
cantora Victoria Beckham, esta
num belo vestido preto, misteriosa e gélida como a Sibéria.
Além delas, a nata da imprensa de moda também compareceu em peso a Londres, como a editora Anna Wintour,
transformada em celebridade
fashion máxima depois do sucesso do documentário "The
September Issue" (a edição de
setembro), sobre a "Vogue".
Mais famosa grife britânica, a
Burberry desfila há dez anos
em Milão, embora mantenha
seu quartel-general e sua produção na Inglaterra. Com o esvaziamento da semana londrina, transferiu o seu show para a
Itália em busca de uma maior
visibilidade na mídia e de maior
proximidade com compradores internacionais.
Outras marcas e estilistas
britânicos relevantes também
se "exilaram", como Alexander
McQueen, Stella McCartney e
Gareth Pugh, que desfilam em
Paris, ou Matthew Williamson,
que faz seus shows em Milão.
Como nesta temporada a
London Fashion Week completou 25 anos, uma operação
de guerra foi montada para trazer algumas das grifes de volta à
terra natal. A estratégia, que
envolveu até o governo britânico, deu certo. Não vieram todas
as marcas, mas veio a mitológica Burberry, criada em 1856,
além de Williamson. A indústria têxtil e de confecção é a segunda maior da Grã-Bretanha.
Aproveitando também o aniversário, a semana londrina
mudou de locação, montando
sua tenda de desfiles no pátio
de um belo palácio próximo ao
rio Tâmisa, a Somerset House.
As roupas também agradaram
no desfile da Burberry na última terça-feira. A ideia central e
dominante do estilista Christopher Bailey foram os drapeados, usados de várias maneiras
(retorcidos, amarrados...) e
com grande maestria. O resultado foi uma silhueta forte, mas
ondulada, com efeitos bem sensuais e imprevisíveis. A paleta
de cores foi destaque, com lindos tons pastel bem claros em
azul, amarelo, verde e rosa.
Nas passarelas, Londres perdeu muito da radicalidade criativa que costumava ser um dos
seus diferenciais. Com isso, a
semana londrina acabou ressaltando a importância de alguns clássicos do país, como
Paul Smith, Nicole Farhi e Vivienne Westwood (que exibe
ali sua segunda linha; a primeira é mostrada em Paris).
Entre os novos estilistas,
chamou a atenção Christopher
Kane, 27. Sua coleção, além de
inventiva em termos de design,
deve ser uma das mais emblemáticas da temporada. Ela sintetizou muito bem certo desejo
dominante (até agora) de criar
para o verão uma imagem feminina bem jovial, quase adolescente, mas com a sensualidade
à flor da pele. Não à toa, Kane
diz ter se inspirado em "Lolita".
O clamor selvagem de Brigitte Bardot, uma das grandes musas dos anos 60, deve ser, ainda,
a imagem por trás dos sensacionais looks xadrezes da coleção, além das abusadas fendas
nas saias. Mas, como o estilista
gosta de polemizar, Kane afirmou que sua inspiração principal veio do suicídio coletivo comandado pelo fanático religioso Jim Jones, em 1978, na Guiana. Ok, a gente já entendeu.
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