DE SÃO PAULO

A agonia durou 15 anos e agora termina melancolicamente. Com a exibição do filme nacional "Cabeça a Prêmio", de Marco Ricca, às 21h40 de amanhã, fecham-se as portas do cine Gemini, na avenida Paulista, 807.
Ontem, contavam-se nos dedos de um mão os espectadores para sessões de filmes como "Cartas para Julieta" ou "A Jovem Rainha Vitória" -longas que já saíram de cartaz dos atuais cinemas de ponta e, nos últimos tempos, acabam ali, à espera de algum curioso tardio.
"Fiquei sabendo do fechamento e vim assistir a um filme, como despedida", disse uma senhora na entrada.
Ainda com confortáveis cadeiras de couro, o cinema estava sofrendo: carpete furado, telefones desligados, funcionários desinformados.
É claro que nem sempre foi assim. Inaugurado em 1975, as duas salas do Gemini -com 379 lugares cada- faziam sucesso durante os anos 70 e 80.
Filas se formavam na exibição dos blockbusters da época, como "Os Caçadores da Arca Perdida" (1981), "A Última Tentação de Cristo" (1988) ou "Ghost, do Outro lado da Vida" (1990).
Em uma avaliação de 1988, o Datafolha apontou o Gemini, ao lado do Comodoro e do Bristol, como a sala que reunia as melhores condições de projeção da cidade.

CINE PORNÔ
Mas, a partir dos anos 90, o Gemini passou a sofrer da falta de público -que migrou para os cines em shoppings. Em 1997, a então direção da CIC (Cinema International Corporation) anunciou o fechamento do local, o que acabou não acontecendo.
Em 2003, um susto: ao lado de produções como "Piratas do Caribe", uma das salas trazia uma filmes pornôs às 21h30. A novidade durou apenas uma semana.
A administração do cinema não revelou se tem planos para o local. Limitou-se a informar "o encerramento das atividades".


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