ANNA LEE
da Sucursal do Rio

Misturar fado e MPB dá certo. O resultado, muitas vezes, é puro pop. Isso é o que a cantora portuguesa Eugênia Melo e Castro vai mostrar no programa "Atlântico", que estréia no final de outubro na TV portuguesa RTP.
No Brasil, o programa deverá entrar no ar até o final do ano pela TV Cultura e pelo canal por assinatura Multishow.
Eugênia resolveu experimentar com cantores brasileiros e portugueses o que já faz há 20 anos.
"Sempre compus e cantei com artistas do Brasil. A idéia do projeto surgiu quando percebi que poderia, num programa de televisão, promover a mesma integração que sempre busquei em minha carreira solo", disse Eugênia.
Juntou-se então à produtora portuguesa Mandala e à RTP, patrocinadora do projeto, para realizar o "Atlântico".
O programa é dividido em 13 episódios, cada um com o encontro de um cantor brasileiro e um português ou de outro país de língua portuguesa. Além de duetos, eles farão performances individuais.
Os números musicais serão intercalados por entrevistas com os artistas, conduzidas pelo produtor brasileiro Nelson Motta e pela própria Eugênia.
Haverá ainda exibição de clipes de outros cantores, escolhidos pela dupla que estiver se apresentando.
No final dos 13 episódios, será exibido mais um com os melhores momentos das apresentações.
A escolha das duplas, segundo Eugênia, foi baseada em "identificações musicais", que nem por isso deixaram de gerar encontros inusitados.
No primeiro episódio, Marisa Monte encontra-se com a cabo-verdiana Cesaria Evora.
Leila Pinheiro e Rui Veloso, que já fizeram shows juntos em Lisboa, vão cantar "Eu Sei que Vou te Amar", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Chico César e Né Ladeiras apresentam uma música em um dialeto galego.
Ed Motta divide o palco com o grupo português Black Out, que hoje vive na Inglaterra. Com canções em inglês, dão um tom pop ao programa. Pop também é a apresentação de Fernanda Abreu com o grupo Cool Hipnoise.
Para Nelson Motta, a grande revelação será a portuguesa Dulce Pontes. Ao lado de Simone, ela canta "Sinal Fechado", de Paulinho da Viola", e "Brasil", de Cazuza. Tudo sem sotaque.
"A maioria dos artistas portugueses que estão no programa tem proximidade com a música brasileira. Acredito que este é o momento propício para o encontro musical entre o Brasil e Portugal", diz Motta.
Para ele, o projeto está sendo possível porque "os brasileiros estão descobrindo que nem tudo que se canta em Portugal é fado".



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